O Presidente João Lourenço, Viaja para os Estados Unidos da América, em visita privada, depois da visita de trabalho que realiza em Havana, Cuba. João Lourenço está a ser descrito pela opinião pública como o Chefe de Estado que mais viaja a nível mundial. Se no princípio do seu primeiro mandato as viagens foram justificadas com interesses diplomáticos, melhoria da imagem do país e captação de investimento externo, actualmente, a situação é vista de outro ângulo.
Entre viagens a países africanos, à Europa, América, Ásia e países árabes, desde 2017, quando iniciou o primeiro mandato, aos dias actuais, as deslocações de João Lourenço nas vestes de Presidente da República, já ultrapassam a meia centena.
As análises ao assunto não contabilizam as viagens de fórum particular, apenas as que faz enquanto Chefe de Estado.
Só neste segundo mandato, em cerca de um ano, o Presidente da República já terá efectuado cerca de duas dezenas de deslocações ao exterior do país, em diversos continentes.
Desde que assumiu funções como Presidente da República e levantou a “bandeira” do “combate à corrupção”, garantiu que a diplomacia económica, uma das mais importantes vertentes da política externa angolana, passaria pela cooperação estritamente económica e comercial do relacionamento bilateral, regional e multilateral.
Para alcançar o objectivo seria necessário promover a imagem do País no exterior, no intuito de aumentar a exportação de bens e serviços, mas também para captar investimento estrangeiro.
Apresentada a situação desta forma, os angolanos acreditaram que estava-se a viver uma nova era que traria as melhorias tão almejadas.
Esperava-se que o Presidente se mantivesse em linha com o que prometeu em relação ao esbanjamento, controlo das despesas e aceitação do princípio de que todos devem fazer sacrifícios.
Contudo, logo nas primeiras viagens, os angolanos, e não só, foram surpreendidos com o aluguer do avião que o levou à França, à Bélgica e às Astúrias, provocando inquietação na sociedade, com destaque nos círculos políticos.
O referido avião, dispondo de uma suite presidencial, banheiros para acomodar duas pessoas ao mesmo tempo, sala de jantar, de estar, cinco casas de banho e outros, numa versão de 18 lugares com conforto equivalente à primeira classe de qualquer companhia de topo, um Dreamliner, propriedade de uma companhia chinesa, tinha um custo de 70 mil dólares por cada hora que estava no ar.
Este foi, sem dúvidas, o cerne do mal-estar e da revolta contra a decisão de se alugar o dito avião. Foram gastos 700 mil dólares por dez horas de aluguer e mais de um milhão e meio de dólares em 24 horas.
Ao que se sabe, o avião ficou à sua disposição por duas semanas, pelo valor de cerca de 25 milhões de dólares.
O nome (Dream Jet), “jacto de sonho”, diz tudo. Segundo a publicidade, “é um dos melhores aviões que alguma vez foi fabricado”; é o único 787 com uma configuração VIP. Os clientes habituais, normalmente são Chefes de Estado, celebridades e a realeza mundial.
Ninguém estava propriamente à espera que o Presidente João Lourenço fosse para a Europa numa “lata velha”, mas este esbanjamento, quando o país já vivia uma crise atroz foi deveras revoltante.
Verdade seja dita, se tivesse recorrido a um avião menos oneroso, não constituiria nenhum sacrifício. Naquela altura Angola dispunha de três Bombardiers executivos, dos quais, o último fora adquirido em 2015, por 62,5 milhões de dólares, por ordem do então Presidente José Eduardo dos Santos.
Já como Chefe de Estado, João Lourenço havia recorrido a estas aeronaves para ir à Zâmbia e ao Ruanda.
Estupefactos, os angolanos questionaram se o Presidente que embarcou naquele avião (de sonho) era o mesmo que meses antes fazia uma campanha eleitoral assente em promessas de mudanças, contra o paradigma do esbanjamento, do abuso e da provocação contra quem vive a contar tostões e migalhas, condição em que estão hoje cerca de 90 por cento da população angolana.
Logo de seguida, o Presidente João Lourenço autorizou a abertura de um crédito adicional de 3.000 milhões de kwanzas (cerca de 8,5 milhões euros) para suportar os custos das visitas oficiais ao estrangeiro.
Segundo um decreto presidencial publicado em 25 de Outubro de 2018, o crédito adicional visava “suportar as despesas relacionadas com a cobertura dos compromissos assumidos com as missões do Titular do Poder Executivo, ou seja, o Presidente da República, no exterior do país”.
Em cerca de um ano, desde a sua tomada de posse em Setembro de 2017, o Presidente de Angola já tinha visitado países como África do Sul, Zâmbia, Namíbia, Bélgica, França, China, além de pelo menos duas passagens por Espanha e, em Novembro de 2018, fez uma visita oficial a Portugal.
Daí para diante, as saídas de João Lourenço só foram somando por todos continentes. Apesar de alegados benefícios que terão trazido ao país, por um lado, por outro, são descritos avultados gastos, alguns considerados como “esbanjamentos inúteis” do erário, diante das graves condições sócio – económicas do País e da miséria bastante aguda dos angolanos em toda extensão do território nacional.
Na Mira do Crime