O empresário angolano Silvestre Tulumba Kapose está no centro de uma polêmica que envolve supostas manobras empresariais para escapar de dívidas milionárias com bancos em Angola. Segundo denúncia divulgada na página Joana Clementina, Kapose teria declarado falência de suas empresas como estratégia para evitar pagamentos pendentes, ao mesmo tempo em que reestruturava suas operações sob novos nomes e continuava a conquistar contratos governamentais lucrativos.
No Lubango, a antiga IMOSUL, uma das empresas ligadas ao empresário, teria sido rebatizada como MERCONS, que já assumiu contratos significativos, incluindo a manutenção da estrada Lubango-Benguela. A denúncia aponta que essa estratégia faz parte de um padrão de comportamento do empresário, que, ao sentir-se pressionado financeiramente, declara falência, reestrutura suas empresas e retoma atividades com novos contratos.
Conexões Políticas e Contratos Governamentais
Kapose, frequentemente apelidado de “Menino do Palácio” devido ao acesso privilegiado a círculos governamentais, é um dos empresários que mais tem lucrado durante a presidência de João Lourenço. Fontes próximas apontam uma ligação estratégica entre o empresário e Jessica Lourenço, filha do presidente, que teria facilitado a obtenção de contratos milionários.
Sua empresa principal, Silvestre Tulumba Investimentos (STI), e suas subsidiárias são conhecidas por operar nos setores automobilístico e bancário, destacando-se como fornecedoras de veículos para o governo. A influência política de Kapose remonta ao período em que era apoiado pelo falecido general Kundi Paihama, figura de destaque no governo de José Eduardo dos Santos.
Além de suas atividades no setor automotivo, o empresário também estaria entre os interessados em adquirir a Unitel, operadora de telecomunicações que passou para a esfera do Estado após o confisco das ações de Isabel dos Santos e do general Leopoldino Nascimento.
Acusações de Gestão Irregular e Impacto Social
Silvestre Tulumba Kapose também enfrenta acusações de má gestão e fraude bancária, sendo mencionado como um dos maiores devedores do Banco de Poupança e Crédito (BPC). A crescente fortuna do empresário, mesmo em meio a uma economia instável, tem levantado questões sobre a transparência dos processos de adjudicação de contratos e a relação entre negócios e política em Angola.
A denúncia de que Kapose teria rebatizado suas empresas para escapar de dívidas reforça as críticas à falta de fiscalização e responsabilização no setor empresarial do país. Observadores apontam que tais práticas minam a confiança pública no governo e agravam os desafios econômicos enfrentados pela população.
Reações e Expectativas
Até o momento, Kapose não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias. No entanto, a crescente pressão pública pode levar a investigações sobre suas práticas empresariais e as conexões políticas que sustentam sua trajetória.
A sociedade civil e organizações anticorrupção têm solicitado ao Presidente da República maior transparência nos contratos governamentais e a responsabilização de empresários e políticos envolvidos em práticas ilícitas.
Joana Clementina