Já lá se foram os tempos em que a Unitel era uma das empresas mais rentáveis em Angola, como sucedeu em 2012, quando a operadora obteve lucros de 99 mil milhões Kz, equivalentes a mil milhões USD à taxa de câmbio média do período, valor que representava 95,1% dos resultados líquidos dos 22 bancos comerciais que operavam no mercado.
A maior operadora de telefonia móvel no País, a Unitel, viu os seus lucros caírem significativamente para 33,8 mil milhões Kz em 2022, o equivalente a 41 milhões USD à taxa de câmbio média actual, contra os 93,8 mil milhões Kz (113 milhões USD) contabilizados em 2021, espelhando uma quebra expressiva de 64%, analisou O Telegrama a partir do relatório e contas da empresa referente ao ano passado.
O documento detalha que, em parte, a redução nos lucros da Unitel está associada ao resultado financeiro negativo que a operadora contabilizou no ano passado, quando há dois anos, contrariamente, obteve um encaixe de 71,9 mil milhões Kz (87 milhões USD).
O resultado financeiro negativo decorreu de perdas monetárias estimadas em cerca de 51 mil milhões Kz (62 milhões USD), em consequência da variação cambial que foi desfavorável para a empresa, bem como os juros a pagar às firmas Vidatel, de Isabel dos Santos, Geni, do general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, PT Ventures, controlada pela brasileira Oi, e MS Telecom, detida pela Sonangol.
A actual realidade contrasta com a de 2012, por exemplo, quando menos de 5 mil milhões Kz separavam os lucros da operadora de toda a banca comercial angolana. Nessa altura, a Unitel, sozinha, obteve lucros equivalentes a 95,1% dos lucros dos 22 bancos que operavam no País, num ano em que operadora de telefonia móvel alcançou rendimentos de 99 mil milhões Kz, equivalentes a mil milhões USD à taxa de câmbio média do período, ao passo que no agregado as 22 instituições financeiras fecharam o ano com lucros na ordem dos 94,2 mil milhões Kz (985 milhões USD).
O futuro da Unitel sem Isabel dos Santos
A 8 de Novembro de 2020, a empresária Isabel dos Santos anunciava, em comunicado, que deixava o lugar de principal gestora da operadora de telecomunicações no País, após 20 anos da criação da Unitel e dedicação à empresa da qual era detentora de 25% por via da Vidatel. A decisão da saída foi justificada pela então mulher mais rica de África com o “clima de conflito permanente” que se instalou entre os accionistas.
O Telegrama