Pepetela confessa participação no genocídio de 80 mil angolanos em 27 de Maio de 1977

A confissão do escritor Pepetela ao Semanário Angolense (sa) confirmou o que há muito se desconfiava: um dos grandes nomes da literatura fez parte da máquina que engendrou o genocídio de 80 mil angolanos, na sequência do 27 de Maio de 1977.

Numa carta dirigida ao SA, Artur Pestana, ou simplesmente Pepetela, afirma que pertenceu a uma Comissão do MPLA “com mais de uma dezena de pessoas, que tinha o objectivo de seleccionar os depoimentos dos detidos na altura do levantamento de 27 de Maio”.

Ainda nesta carta, o antigo vice-ministro da Educação do primeiro Governo de Angola confessa: “esperei em silêncio este tempo, aguardando que esse partido [MPLA] viesse a público defender, numa prova de lealdade, o bom nome daqueles que o serviram desinteressadamente em todos os momentos”. E continua: “se faço este esclarecimento agora, é porque a paciência e a confiança se esgotaram definitivamente”.

O Ministério da Defesa onde Pepetela trabalhou nesta selecção de depoimentos era, na altura, uma das câmaras de tortura de muitos jovens acusados de fraccionismo com o regime do partido único. Lá, a vida ou morte de milhares de angolanos foi decidida.

A discussão e digestão da memória e do passado angolanos, estão lançadas. No artigo “Pepetela & C.a”, o jornal Folha 8 indica ainda os nomes de Luandino Vieira, Costa Andrade, Iko Carreira, Henrique dos Santos e Rui Carvalho como uma das peças das máquinas de tortura.

Fonte: http://www.afrol.com/articles/17621

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