Um pânico instalou-se nesta quarta-feira, na Universidade Metodista de Angola (UMA), em Luanda, quando um número indeterminado de estudantes licenciados começaram a ser detidos, em plena cerimônia de outorga, por terem comprados notas durante o processo de formação superior.
Vários são os estudantes que acabaram detidos pela Polícia Nacional, chamada a intervir durante uma manifestação.
Em imagens postas a circular nas redes sociais é possível ver estudantes com beca sendo detido pelas forças da ordem.
De acordo com o que o Correio da Kianda apurou, a regra da instituição é, um mês antes da cerimônia de outorga dos licenciados, a direcção fazer uma verificação do desempenho acadêmico de todos os estudantes a outorgar, comparando todas as notas de cada disciplina, do primeiro ao último ano académico, nas pautas físicas e no sistema informático.
Nesta verificação apurou-se que “muitos estudantes” tinham notas diferentes.
Chamados ao interrogatório, alguns denunciaram-se, afirmando que além deles, outros colegas também compraram notas, o que levou a reitoria da Universidade a retirar da lista outorga, todos os estudantes cujas notas apresentavam diferença entre as pautas físicas e as que constam do sistema informático.
Além dos estudantes, pelo menos um técnico da área de informática, acusado pelos estudantes de ser responsável pela alteração das notas no sistema, também foi detido.
Informações sugerem que há também professores detidos, por terem vendido notas.
Manifestação
Depois de serem informados da sua exclusão da lista de graduados, os estudantes abrangidos terão optado por pernoitar na instituição, e nas primeiras horas desta quarta-feira começaram a manifestar-se contra a medida, o que levou a instituição a chamar pela Polícia.
Fonte do Correio da Kianda adianta que há também registo de estudantes que falsificavam talões de pagamentos de propinas. Os descobertos também foram abrangidos pela medida que os impede de receber o diploma de licenciatura.
Sem avançar números, a reitoria da Universidade, através de um comunicado, informa que é prática institucional, os serviços académicos procederam, nas semanas que antecedem a cerimónia, a uma rigorosa verificação de todos os processos académicos e financeiros dos estudantes finalistas.
O objectivo, lê-se no documento a que o Correio da Kianda teve acesso, é garantir a integridade e a transparência do processo da outorga, assegurando que todos os requisitos académicos e financeiros tenham sido cumpridos conforme o regulamento da instituição.
“Face a estas irregularidades, que violam o Regulamento Académico da Universidade Metodista de Angola e podem configurar responsabilidade criminal, a instituição viu-se obrigada a suspender temporariamente os estudantes envolvidos, para que em respeito ao princípio do contraditório e mediante a instrução do competente processo disciplinar académico sejam tomadas as medidas disciplinares e legais cabíveis”, lê-se também.
Correio da Kianda