O empresário luso-angolano Álvaro de Oliveira Madaleno Sobrinho novamente acusado pelo Ministério Público, desta vez por um crime de branqueamento de capitais. Origem do dinheiro que levou Sobrinho a adquirir 30% do clube leonino levantou suspeitas na CMVM.
Cerca de um mês antes de Álvaro Sobrinho e a direcção do Sporting celebrarem o contrato de parceria, o empresário adquiriu 99% do capital social da sociedade Holdimo.
Mas como a lei angolana exigia que as sociedades anónimas fossem constituídas por cinco accionistas, Sobrinho entregou cinco acções a cada um dos quatro – Emanuel Jorge Alves Madaleno, Sílvio Alves Madaleno, Herlander Filipe Alves Madaleno e Rui Alberto Alves Madaleno.
O primeiro administrador da Holdimo foi Manuel Seixas Afonso Dias, cunhado de Álvaro Sobrinho, que chegou a controlar, com Emanuel Madaleno, irmão do banqueiro, a Ocean Private, uma companhia angolana que se tornou a maior devedora do BESA, com 226,75 milhões de dólares.
O cunhado de Sobrinho foi substituído em Janeiro de 2012 por Gilberto Gonçalves, um amigo da família e apontado como sendo o testa-de-ferro de Álvaro Sobrinho nos outros processos que investigaram a queda do BESA.
Foi com Gonçalves que no dia 15/01/2013 Godinho Lopes e José Nobre Guedes, na altura representantes da SAD do Sporting, reuniram e acordaram a primeira alteração ao contrato original assinado entre os verdes e brancos e Sobrinho.
Desta vez, a SAD decidiu vender à Holdimo “uma percentagem dos direitos económicos associados aos direitos de inscrição desportiva de 28 jogadores”, aumentando o investimento de Sobrinho no clube para €20.600.000,00.
Entre os jogadores que pertenciam em parte à Holdimo, de acordo com o Relatório e Contas do Sporting no ano de 2014, contam-se nomes como Adrien Silva, Cédric Soares e Elias.
Dois meses mais tarde, em março de 2013, a direcção do Sporting voltava a reunir-se com um novo representante da Holdimo, Paulo Antunes da Silva, advogado e professor universitário em Angola.
Desta vez, ficou acordado que as participações económicas nos passes dos jogadores iriam ser convertidas em capital social na Sporting SAD. O negócio foi concretizado em Novembro de 2014, já com Bruno de Carvalho ao leme dos leões.
O dinheiro foi, então, transferido para duas contas. A primeira, referente ao capital social do Sporting, recebeu um total de 20 milhões de euros. A segunda era pertencente ao departamento de património e marketing, para onde foram transferidos 300 mil euros, com o intuito de pagar um “camarote”.
“Em consequência, o arguido Álvaro Sobrinho, através da sociedade arguida passou a deter uma participação qualificada no capital social e nos direitos de voto da Sporting SAD de 20.000.000 de acções, correspondentes a 29,85% daquele capital e direitos”, diz a acusação, acrescentando que Paulo Antunes da Silva passou a exercer, simultaneamente, de acordo com as instruções de Sobrinho, funções nos Conselhos de Administração da Sporting SAD.
Paulo Antunes da Silva foi substituído mais tarde por Nuno Correia da Silva. Em 2016, deixou o conselho leonino e foi eleito presidente do Leixões.m
Já os outros antigos administradores, de uma forma ou de outra, ficaram sempre próximos de Álvaro Sobrinho: Manuel Afonso Dias é apontado como tendo sido o gestor da fortuna privada do banqueiro e Gilberto Gonçalves é suspeito de ter sido o testa-de-ferro de Sobrinho no esquema do alegado desvio de mais de 500 milhões de dólares do BESA.
Neste processo, o Ministério Público não tem dúvidas: “os administradores da sociedade HOLDIMO actuaram como testas-de-ferro” de Sobrinho.
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