O recente aumento do número de províncias em Angola, aprovado pelo MPLA de João Lourenço, levanta sérias preocupações em um contexto econômico extremamente delicado. Enquanto o país ainda luta para se recuperar de uma prolongada crise econômica exacerbada pela volatilidade do preço do petróleo, principal fonte de receita, essa medida parece ignorar completamente os desafios fiscais que Angola enfrenta, incluindo dificuldades em cumprir com o pagamento de salários do setor público.
A criação de novas províncias, com todos os custos administrativos e logísticos associados, só tende a agravar a situação financeira, sobrecarregando ainda mais o orçamento do país.
Além disso, a decisão do governo angolano contrasta fortemente com medidas adotadas em outros países que enfrentam desafios econômicos semelhantes. Um exemplo notável é a Itália, que optou por reduzir o número de suas províncias como parte de um esforço para cortar custos e melhorar a eficiência administrativa. Enquanto a Itália busca maneiras de reduzir despesas e otimizar recursos, o governo angolano parece caminhar na direção oposta, aumentando as despesas públicas em um momento em que o país mal consegue arcar com suas obrigações básicas.
Os apelos da sociedade civil angolana, que alerta para o impacto potencialmente devastador dessa decisão, parecem estar sendo ignorados. A população, já cansada de anos de dificuldades econômicas e de um governo que muitas vezes age sem consultar seus cidadãos, vê com grande apreensão essa expansão administrativa. Sem um planejamento adequado e em um ambiente econômico tão frágil, a medida não só é imprudente, mas pode precipitar uma crise ainda maior, com consequências sociais e econômicas graves.
O governo de Angola precisa reconsiderar suas prioridades e aprender com as lições de outros países. Em vez de ampliar a estrutura administrativa do país, seria mais sensato focar em reformas que possam estabilizar a economia, reduzir a dívida pública e melhorar a qualidade de vida dos angolanos. Ignorar esses desafios em favor de uma expansão territorial só coloca o país em um caminho arriscado que, no final das contas, pode ser insustentável.
Um exercício feito pela Camundanews ajuda a compreender a dimensão do “problema” que o MPLA acaba de arranjar.
Com a nova divisão administrativa de angola com 3 novas províncias vão precisar de:
↪️162 novos administradores municipais
↪️324 administradores adjuntos
↪️3 governadores
↪️9 vice governadores
↪️162 novos comandos municipais da polícia
↪️60 juízes de tribunal de comarca
↪️60 procuradores do ministério público
↪️3 tribunais de comarca
↪️3 conservatórias provinciais de registo civil e pi
↪️3 comandantes proviciais da polícia
↪️162 comandantes municipais da polícia
↪️15 novos deputados – 2027
↪️162 secretarios dos governos provinciais
↪️324 secretarios dos administradores municipais
↪️3 directores províncias da educação
↪️162 directores municipais da educação
↪️3 directores províncias da saúde
↪️162 directores municipais da saúde
↪️quase 5 mil viaturas para cada um deles
↪️quase 5 mil residências para cada um deles