O pleito eleitoral realizado a 9 de Outubro em Moçambique foram marcadas por uma forte influência de empresários, incluindo o alegado “barão da droga” Imran Mohamed Anwer, conhecido como “Ferrox”, que está a ser procurado pela Interpol e pela Drug Enforcement Agency (DEA) dos Estados Unidos, segundo fontes locais do Imparcial Press.
Conforme reportado em Julho deste ano por este jornal (vide aqui: Moçambique: Interpol e DEA pedem a cabeça do “barão da droga” Imran Anwer “Ferrox”), Ferrox, proprietário de várias empresas, é suspeito de liderar o tráfico de cocaína e heroína na região, atuando em parceria com outros empresários e empresas, como a Gold Way Serviços, XR Segurança e Trucking Business.
Fontes confirmaram que, antes do início da campanha eleitoral, Imran Mohamed Anwer terá mantido encontros secretos com Daniel Chapo, candidato do partido no poder, a FRELIMO.
As reuniões terão ocorrido em hotéis na África do Sul, onde Chapo supostamente recebeu apoio financeiro no valor de mais de 250 mil dólares americanos, numa clara violação das leis moçambicanas.
Ferrox, segundo fontes locais, conta com o apoio de despachantes aduaneiros e parte dos lucros gerados pelo tráfico de drogas é alegadamente canalizada para estruturas de partido FRELIMO, em troca de benefícios fiscais para os seus negócios e protecção.
Além do envolvimento no narcotráfico, Ferrox é suspeito de participar em sequestros para resgate, com o apoio de uma fração da comunidade paquistanesa envolvida no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Tanto ele como o seu tio, Suleiman Anwer, possuem diversas propriedades no Paquistão.
Em 2023, membros da família Yacub, incluindo Osman Yacub e Sadique Yacub, ex-dirigentes municipais pela FRELIMO, foram investigados por tráfico de cocaína, resultando no desmantelamento de uma unidade de produção de drogas em Metoro, no distrito de Ancuabe.
O tráfico de drogas em Moçambique cresce não apenas devido ao aumento do consumo interno, mas também por ser um ponto estratégico para o tráfico internacional de haxixe, heroína, cocaína e metanfetaminas, com destinos como África do Sul e Europa.
Na sequência das eleições de 9 de outubro, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou a vitória de Daniel Chapo com 70,67% dos votos, embora os resultados ainda aguardem validação pelo Conselho Constitucional. O candidato da FRELIMO venceu com mais de 50% dos votos em todos os círculos eleitorais, somando mais de 4,9 milhões de votos.
O processo eleitoral foi alvo de críticas por parte de observadores internacionais, que apontaram várias irregularidades, incluindo violência durante protestos, que resultaram na morte de dois apoiantes do candidato Venâncio Mondlane, numa emboscada em Maputo.
Estas eleições incluíram, além das presidenciais, eleições legislativas e para as assembleias e governadores provinciais, com a FRELIMO a garantir a vitória nas assembleias provinciais em todas as regiões, assegurando a manutenção dos dez governadores.
Apesar da vitória, o processo eleitoral de 2024 continua sob escrutínio devido às denúncias de irregularidades e violência.
Imparcial Press