A estratégia criada pela equipa de gestão do sistema de pagamento do Banco Nacional de Angola (BNA) focada na permissão de levantamento de dinheiro por via dos Terminais de Pagamento Automático (TPA) “tem-se mostrado um verdadeiro ‘fiasco’”, já que “em nada contribuiu” para a redução das filas à boca das agências bancárias e das respectivas máquinas de pagamento automáticas (TPA’s), apurou o Primeira Página de vários agentes económicos e até operadores bancários.
Ao que consta, as máquinas não cortaram a pressão que, aos finais de cada mês, se assistem nos ATM’s, com famílias completas a madrugarem à boca das agências bancárias com intuito de, aos primeiros raios de luz da manhã, conseguirem levantar os seus ordenados ou somas de qualquer origem.
Em vez de contribuírem para o que era estratégia do regulador, a medida tem ajudado mais a quem detém esses aparelhos, nomeadamente agentes económicos com pequenos negócios, em que se destacam os comerciantes da África do Oeste, maioritariamente malianos e guineenses com residência em Luanda. Este grupo cobra de nove vezes mais do que é permitido por lei, ou seja, pelo instrutivo n.º 12/2021, de 14 de Setembro.
Passados mais de dois anos desde a sua implementação, as queixas sobre enchentes nos ATM’s e do não carregamento das caixas pelos bancos comerciais continuam. Hoje, para evitar as longas filas nos multicaixas, algumas pessoas servem-se dos serviços de descontos de 10% ao passarem seus cartões nos TPA’s de um vendedor ou bombas de combustíveis e sujeitam-se a um desconto quase 10 vezes acima do autorizado.
De acordo com a norma que autoriza essas operações, saída do do BNA no tempo de José Massano, quem pretender levantar dinheiro nos TPA’s deixa uma comissão de apenas 1% do valor a levantar, mas, ao contrário, vários são os operadores económicos que cobram acima desse montantes.
Aliás, é cada vez mais frequente ver pessoas recorrerem ao levantamento de dinheiro nas cantinas e outros estabelecimentos informais, e apesar de o BNA ter limitado essas cobranças a 1%, os clientes continuam a pagar 10% por levantamento.
As regras estão lá, mas, na prática, os comerciantes não cumprem, até porque muitas vezes estes clientes não conseguem levantar o dinheiro nos multicaixas que, ou estão sem dinheiro, ou estão fora de serviço.
Ao todo, temos no país apenas um total de 3.225 máquinas de pagamentos automática para dar resposta a um número sem fim de pessoas que, diariamente, precisam de fazer compras e pagar serviços diversos.
Segundo fonte da administração da Emis, Empresa Interbancária de Serviços, a culpa não é só dos bancos comerciais, mas das próprias pessoas que, mesmo com várias formas de tratarem os seus compromissos de foro financeiro, têm preferido os ATM’s aos canais remotos ou outras soluções.
Fonte: PPP