Um grupo de médicos angolanos manifestou descontentamento com a ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, após ser convocado para participar na inauguração do Hospital Geral do Cuanza-Norte Mário Pinto de Andrade, na segunda-feira, sem receber as devidas ajudas de custo.
De acordo com fontes, sempre que o Presidente da República, João Lourenço, realiza viagens ao interior para inaugurar novos hospitais, a ministra da Saúde convoca os diretores provinciais da saúde e os diretores dos principais hospitais de Luanda para acompanhá-lo. No entanto, o descontentamento dos profissionais de saúde reside no facto de que essas viagens são custeadas pelos próprios médicos, que se veem sem um papel definido, além de fazer “número” ao lado de militantes do MPLA, que também acompanham o Chefe de Estado.
Na inauguração do novo hospital em Cuanza-Norte, muitos médicos já estavam na província há cerca de dois dias. Eles viajaram por conta própria, sem qualquer apoio financeiro ou logístico. Aprovando a situação, os médicos que viajaram sem ajudas de custo alegam que tiveram que se organizar de forma independente para se hospedar, já que a província conta com apenas dois hotéis e algumas pensões, todas ocupadas pela caravana presidencial e autoridades ministeriais.
A insatisfação aumentou pela falta de um programa de trabalho claro para os médicos durante essas viagens. Segundo os relatos, as viagens resultam em um grande desperdício de tempo, pois os médicos acabam apenas se juntando à multidão de apoiantes do Presidente, sem cumprir funções concretas no evento. Isso é ainda mais frustrante, pois os profissionais de saúde acabam prejudicando o funcionamento dos hospitais onde trabalham, ficando ausentes de seus postos de trabalho por até quatro dias.
A situação revela um descompasso entre a gestão das viagens oficiais e as condições de trabalho dos médicos, gerando um ambiente de descontentamento e frustração entre os profissionais da saúde, que pedem mais respeito e melhores condições para o exercício de suas funções.
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