O governo de João Lourenço em Angola, desde a sua investidura em 2017, tem sido um período marcado por promessas audaciosas de combate à corrupção, uma praga endêmica que tem assolado o país por décadas. Ao assumir o poder, Lourenço prometeu desmantelar o sistema de corrupção entranhado no país, promovendo uma imagem de renovação e esperança para uma nação cansada dos escândalos e da má gestão que caracterizaram os governos anteriores. Este compromisso gerou expectativas elevadas entre os cidadãos angolanos e a comunidade internacional, ansiosos por ver mudanças reais no panorama político e económico de Angola.
No entanto, o mandato de Lourenço tem sido assombrado por alegações e escândalos de corrupção que parecem contradizer os seus esforços declarados. Apesar das várias medidas tomadas, como a remoção de figuras chave do regime anterior e a recuperação de ativos financeiros ilegalmente desviados para o exterior, surgiram relatos de novos casos de corrupção envolvendo ajustes diretos que beneficiaram governantes e empresários próximos ao poder. Estes ajustes diretos, contratos atribuídos sem concurso público, tornaram-se um método preferencial para enriquecer ilegalmente, perpetuando as práticas corruptas que Lourenço jurou erradicar.
O enriquecimento ilícito através de ajustes diretos não apenas mina a confiança na promessa de Lourenço de combater a corrupção, mas também perpetua a desigualdade e o subdesenvolvimento em Angola. Estas práticas limitam as oportunidades para empresas legítimas e competentes, ao mesmo tempo que drenam recursos cruciais que poderiam ser investidos em serviços públicos essenciais, como saúde, educação e infraestruturas. A continuidade dessa forma de corrupção evidencia a complexidade e a profundidade do desafio que o governo enfrenta para erradicar a corrupção de maneira eficaz.
A situação coloca em questão a eficácia das políticas anti-corrupção de Lourenço e destaca a necessidade de uma reforma mais abrangente e de medidas rigorosas que possam efetivamente cortar as raízes da corrupção em Angola. Para que o governo de João Lourenço cumpra sua promessa de combater a corrupção, será necessário implementar um sistema de governança transparente, fortalecer as instituições de controle e garantir que haja uma verdadeira prestação de contas, independentemente do status ou conexões políticas. Apenas assim, Angola poderá esperar superar o ciclo de corrupção que tem prejudicado o seu desenvolvimento e restaurar a fé dos cidadãos na capacidade do governo de liderar o país em direção a um futuro mais justo e próspero.