Mais de oito mil escolas do Estado não têm água

Apenas 13% (1.300) das 10 mil escolas primárias e secundárias mapeadas pelo Ministério da Educação, no período de 2021 a 2022, têm água da rede pública, conclui um cadastramento do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística do MED, segundo o qual, no quesito da energia eléctrica, somente mil e 800 (18%) das 10 mil possuem fonte de energia.
As informações, prestadas pela directora nacional do GEPE do MED, de acordo com cálculos, mostram, assim, que o País tem 8.700 escolas privadas de água potável e 8.200 sem luz da rede pública. Irene Figueiredo, que falava durante um colóquio sobre o futuro da educação em Angola, realizado esta semana, em Luanda, avançou ainda que só 40% das instituições cadastradas têm estruturas sanitárias funcionais, pelo que 60% não possuem casas de banho.

Segundo a responsável, no País, entre as escolas analisadas, pelo menos 12% têm salas de aula ao ar livre e mais de 51% das salas são de construções definitivas. Os dados, segundo Irene Figueiredo, mostram também que 31% dos alunos em Angola percorrem, em média, por mais de quatro quilómetros para ter acesso a um serviço de ensino.

“Neste mapeamento das escolas públicas, tivemos indicadores de que 89% das escolas não têm nenhum tipo de cabimentação orçamental no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado (SIGFE) e 7% desconhecem a existência de orçamento próprio”, assegurou a directora nacional do GEPE.

Para Irene Figueiredo, um dos factores das grandes dificuldades que as escolas primárias vivem é a falta de orçamento e, noutros casos, a “exiguidade de recursos financeiros”. Explica que as referidas estruturas da educação dependem das administrações municipais para a aquisição de bens e serviços, como materiais gastáveis e didácticos, bem como manutenção das infra-estruturas.

A gestora sublinhou que o MED tem feito esforços para que o Ministério das Finanças (MINFIN) tenha sensibilidade e “olhe com os olhos de ver” as questões da Educação. “Uma coisa é estarmos a definir parâmetros distantes da realidade da situação, outra é estarmos no local e sentirmos os problemas”, observa Irene Figueiredo.

NJ

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