Dois filhos cidadãos chineses, filhos do proprietário da empresa “XUNTONG”, estão a ser acusados de “torturarem”, durante três horas, um trabalhador angolano, que atende pelo nome Kizomba, e de seguida, o terem jogado para a ‘casota’ dos cães, como se fosse um animal doméstico, facto ocorrido na noite da última quarta-feira (2), alegadamente pela vítima ter “desviado” um camião com betão.
A investigação Na Mira do Crime esteve no local e ouviu os colegas que, revoltados com os factos accionaram a nossa reportagem.
Tudo aconteceu no Polo Industrial de Viana (PIV), onde está situado a empresa XUNTONG, que se dedica ao fabrico de betão, mármore e mobiliários.
Em exclusivo ao Na Mira do Crime, os funcionários contaram que não houve nenhum desvio de betão, conforme alegam os responsáveis da empresa, mas sim, o que ocorreu, foi um erro por parte da área laboratorial da produção de betão.
“O Geraldo, motorista, e o Kizomba, ajudante, foram mandatados pela empresa para levar betão no Shopping, que está a ser construído na via expressa observaram.
Contam que a área de informática de betão disse que no camião haviam 07 metros do produto.
“No entanto, quando os colegas chegaram ao Shopping, no momento de descarregar o betão, notou-se que no camião só continha 03 metros de betão, ao contrário sete previstos, de lá foram interrogados para explic onde haviam colocado o resto do material”, contaram.
Por outro lado, explicaram que todas as viaturas da empresa (XUNTONG) têm sistema GPS, o que, de certa forma, não seria possível um trabalhador ter feito uma outra rota no sentido de desviar o material e vender, conforme os responsáveis alegam, sendo que os veículos são monitorados.
“Aqui nessa empresa, todos os carros têm GPS, é impossível alguém sair daqui e desviar betão. O erro partiu da secção de produção de betão, os responsáveis sabem o que fizeram”, apontaram.
Revelaram que os responsáveis do laboratório de produção de betão jogaram o material em falta no outro lado de fora da empresa, a fim de saírem ilesos e atirarem a culpa aos colegas.
“Nós os motoristas não entendemos como se faz a contagem no laboratório, quando se está a colocar o betão, apenas eles enchem os camiões e nós levamos, então, somos facilmente ludibriados por eles” observaram.
Vítima sobreviveu por um fio
Em exclusivo ao Na Mira, Kizomba contou que foi somente por graça divina que conseguiu sobreviver durante aquela noite, na casa dos cães, onde esteve cercado por animais de várias raças.
“Fiquei toda a noite com os cães, digo que só foi por Deus, eu sonegava e acordava e via os cães ao meu lado, foi assim durante toda a noite. Creio que aí deveriam ter 17 ou 20 cães.”, lamentou.
Os mesmos disseram que os efectivos do SIC
foram a tempo de encontrar a vítima no curral e o resgataram.
Já Sérgio, outro que também foi agredido, disse que foi graças a intervenção dos colegas que não aconteceu o pior.
“Eu não me bateram muito, porque os colegas estavam ao lado”, avançou.
Este jornal sabe que, até a publicação deste artigo, os dois agredidos estavam no laboratório de criminalística, a serem observados.
Contactado pelo Na Mira do Crime, o Porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) em Luanda, Superintendente-chefe Fernando Carvalho, confirmou a detenção de dois cidadãos chineses, e que já foram presentes ao Ministério Público.
Na Mira do Crime