Uma notícia datada de 17 de março da Agência Angola Press (ANGOP) dá conta da assinatura de um memorando de entendimento, em Luanda, para a exploração do potencial petrolífero da Bacia do Etosha-Okavango.
O documento foi assinado entre a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e o grupo empresarial vietnamita Xuân Thiên (XTG). O memorando contempla também a realização de um estudo aprofundado para a obtenção de 2.000 quilómetros de dados sísmicos 2D, num período de três anos, renovável.
Segundo o ambientalista Jerónimo António, investigador da área ambiental na província do Cunene, o grande problema não é apenas a exploração de um recurso como o petróleo, mas sim a ausência de um estudo sério de impacto ambiental, que possa prevenir males maiores para as gerações futuras.
“O nosso problema é também a obstrução causada por obras megalómanas. Não é que sejamos contra essas obras, mas o que nos preocupa é que muitas vezes elas não são sujeitas à fiscalização de uma entidade independente, especializada em impactos ambientais, para pelo menos acautelar os possíveis danos”, explica Jerónimo António.
“Quando se exploram minerais, não é só o petróleo que está em causa — também se afetam os lençóis de água, os solos e o aquífero freático”, sublinha ainda o ambientalista.
Na ocasião da assinatura do memorando, Paulino Jerónimo, presidente do Conselho de Administração da ANPG, afirmou que o acordo representa um avanço estratégico na exploração do potencial petrolífero do país, reforçando o compromisso com um desenvolvimento sustentável e competitivo do setor.
No entanto, o defensor dos direitos humanos Alberto Viagem defende que esta estratégia deve também ter em consideração a responsabilidade social para com as comunidades locais, especialmente aquelas que vivem nas zonas a explorar.
“Esta reflexão, do ponto de vista da exploração racional dos recursos, deve incluir a gestão das potencialidades locais. Ou seja, é necessário criar inclusão, dar oportunidades de trabalho aos jovens locais e, ao mesmo tempo, cumprir com as responsabilidades sociais da empresa”, explica.
Luanda Post