Joe Biden faz hoje, segunda-feira, dia 2 de Dezembro de 2024, uma viagem nunca antes realizada por um Chefe de Estado norte-americano em 248 anos de independência da nação mais poderosa do globo. O gestor da maior economia mundial rasgou os céus do Oceano Atlântico para pousar esta tarde em Angola, país que o acolherá por três dias. Segundo uma nota da representação diplomática norte-americana em Luanda, Joe Biden e o Presidente João Lourenço prosseguirão com as “conversações sobre infraestruturas, clima, paz regional, segurança – paz e segurança, o aprofundamento da democracia e objectivos económicos comuns”, onde o Corredor do Lobito estará entre os destaques.
Contra todas as previsões, Joe Biden e João Lourenço estão a construir uma parceria jamais imaginada entre os Estados Unidos da América e Angola sob administração do MPLA.
É que, até os anos 90, era impossível imaginar uma relação intensa e próspera entre Luanda e Washington com a UNITA na governação do país africano. Durante muito tempo, os EUA apoiaram Jonas Savimbi e o seu partido (a UNITA) contra o MPLA, este que tinha o apoio da Rússia, a maior potência nuclear.
A relação estava definida – EUA com a UNITA, e o MPLA com a Rússia. Perecia, face à aparente natureza de cada organização e Estados, que tudo estava selado, nada alteraria. Ledo engano.
Washington e Luanda reataram relações em 1993, uma aproximação que não passava de questões comerciais muito ligadas ao sector petrolífero. Mas já naquela altura, anos 90, Joe Biden, então senador, já dizia que era importante e possível que os EUA atraíssem Angola para a sua esfera de influência, algo então tido como impossível face à relação de aproximação e cumplicidade entre Angola e a Rússia, como disse outra vez o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov: “a relação entre Angola e a Rússia não se compadece com questões de geopolítica internacional”.
Dos anos 90 até 2020, os EUA foram melhorando o seu relacionamento com Angola, mas não capaz de atrofiar a aproximação com a Rússia. Entretanto, a entrada em cena de Joe Biden na Casa Branca alterou tudo. Perspectivando atrair Luanda para a esfera de influência de seu país desde o seu tempo de senador, Joe Biden ‘inclinou os ouvidos’, e ouviu os desejos do Governo de João Lourenço. Nunca uma administração norte-americana mandou tantos quadros relevantes de seu governo para vir negociar e dialogar em território angolano.
Diferente do passado, Angola passou a privilegiar acordos militares e de segurança com os EUA, em detrimento da Rússia e/ou a China.
Em Angola, os EUA aplicaram um investimento robusto em energia renovável no sul do país, têm financiado as operações no Corredor do Lobito, têm apoiado Angola e João Lourenço nos seus esforços para trazer a paz e segurança na Região dos Grandes Lagos.
E Angola, que tem se posicionado contra a postura russa em relação à Ucrânia, já manifestou o desejo de substituir seu material bélico de origem russa para equipamentos militares da NATO, a maior aliança militar do mundo liderada pelos EUA.
Portanto, é neste clima de aproximação e cumplicidade inequívoca entre Joe Biden e João Lourenço, que o Presidente norte-americano vem esta segunda-feira, 02, a Angola – uma visita que entra para a história como a primeira realizada por um Chefe de Estado americano em 248 anos de sua independência da colonização inglesa.
De acordo com uma nota publicada no website da Embaixada dos EUA, Washington vê Luanda como um parceiro estratégico e um líder regional, sublinhando que o encontro entre Joe e Lourenço deverá centrar-se em “conversações sobre infraestruturas, clima, paz regional, segurança – paz e segurança, o aprofundamento da democracia e objectivos económicos comuns”, onde o Corredor do Lobito estará entre os destaques
“Estamos também a trabalhar com Angola para enfrentar uma série de desafios prementes, incluindo o reforço da paz e da segurança no leste da República Democrática do Congo, o aumento das oportunidades económicas na região e a expansão da cooperação tecnológica e científica. (…) Em 2023, o comércio EUA-Angola ascendeu a aproximadamente 1,77 mil milhões de dólares, o que faz de Angola o nosso quarto maior parceiro comercial na África Subsahariana”, lê-se na nota.
A visita, destaca o documento a que o Correio da Kianda teve acesso, baseia-se na reunião bilateral do Presidente Biden com o Presidente Lourenço há quase exactamente um ano este mês, bem como na segunda Cimeira de Líderes EUA-África que teve lugar em Dezembro de 2022, e na própria visita do Presidente Lourenço os EUA em 2021.
Continua…
Correio da Kianda