Em um escândalo que abala o cenário político e empresarial angolano, Carlos Jaime Alberto Calabeto, ex-PCA (Presidente do Conselho de Administração) da Empresa Nacional de Mecanização Agrícola (ENAMA), é acusado de vender todo o patrimônio da empresa para a OMATAPALO, uma empresa ligada ao governador de Benguela, Luís Nunes. A ENAMA, que era dependente do Ministério da Agricultura, teve sua extinção decretada pelo Presidente da República, João Lourenço, devido a diversos litígios e dívidas, especialmente com os trabalhadores.
Ao longo dos anos, Calabeto, que se destacava como desportista ligado ao Hóquei em Patins, utilizou sua posição na ENAMA como um “escudo protetor” para desviar equipamentos e recursos técnicos importados pelo Estado angolano, tais como tratores, charruas, caminhões e até aviões de irrigação. Esses itens foram vendidos a terceiros, resultando em grandes prejuízos para o Estado. O ex-PCA também é apontado como criador da empresa “Gesterra”, que se tornou responsável pela gestão de terras agrícolas e se confundia com a própria ENAMA, retirando seus atributos.
Carlos Alberto Jaime “Calabeto”, engenheiro formado em maquinização agrícola em Cuba, possui uma relação próxima com José Eduardo dos Santos, ex-Presidente de Angola, que inclusive o apresentava como seu sobrinho. Há rumores de que JES chegou a propor Calabeto para o cargo de ministro da Agricultura, proposta supostamente rejeitada pelo mesmo. Na prática, Calabeto operava como uma espécie de “ministro-sombra” da Agricultura, exercendo influência nos assuntos agrícolas do país.
Durante seu mandato, José Eduardo dos Santos transferiu a gestão de cerca de 19 projetos para Calabeto, incluindo o projeto da “Aldeia Nova” e o contrato para a implantação da “Fazenda Pungo Andongo”, em parceria com as empresas Construtora Norberto Odebrecht S.A. e FNP – Consultoria e Comércio Limitada. No entanto, o projeto da “Aldeia Nova” faliu devido a má gestão e outras irregularidades.
No governo de João Lourenço, Calabeto foi nomeado Secretário de Estado para a Agricultura, mas acabou sendo exonerado para assumir outro cargo na Presidência da República. Apesar das evidências contra ele, o ex-PCA permanece intocável, protegido e abrigado sob a sombra da Presidência.
Nos últimos anos, foi descoberto que várias estruturas da ENAMA estão abandonadas, enquanto outras foram vendidas por Carlos Alberto Calabeto para a OMATAPALO, empresa pertencente ao empresário ligado ao governador de Benguela, Luís Nunes. Esse novo escândalo de corrupção revela a extensão dos desvios e irregularidades cometidos por Calabeto, que vem prejudicando não apenas a ENAMA, mas também o desenvolvimento agrícola do país.
Enquanto as autoridades competentes de investigação, como a Procuradoria-Geral da República (PGR), possuem material suficiente para levar adiante o processo contra Calabeto e agir de acordo com a lei, a impunidade persiste. É urgente que medidas sejam tomadas para combater a corrupção e garantir a responsabilização daqueles que prejudicam o Estado e o povo angolano.
O Secreto News