A ReconAfrica, uma empresa canadense que explora petróleo e gás natural num dos “habitats” mais exuberantes e biodiversos de África, pode ter enganado investidores e deturpado o seu trabalho no projecto, de acordo com vários especialistas e alegações numa queixa apresentada à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
O autor, que reconheceu ter apresentado o relatório confidencialmente para evitar retaliação e assédio, permitiu que a National Geographic revisasse a queixa confidencial de 44 páginas apresentada a 5 de maio de 2021.
Ela alega que, para aumentar o preço das suas acções, a ReconAfrica violou as leis de valores mobiliários ao não divulgar informações cruciais sobre os seus planos de procurar depósitos de petróleo e gás natural em 34.000 quilómetros quadrados de áreas selvagens sensíveis na Namíbia e no Botsuana, uma região que inclui parte da mundialmente famosa bacia hidrográfica do Delta do Okavango e seis reservas de vida selvagem administradas pela comunidade.
O valor da empresa cresceu de US$ 191 milhões no início de 2021 para mais de US$ 1 bilhão em meados de maio do referido ano.
O processo, que se baseia em documentos públicos, cita o que chama de mais de 150 casos de declarações enganosas da ReconAfrica, alega que a empresa levantou milhões de dólares por meios fraudulentos e afirma que vários executivos de alto escalão venderam as suas acções enquanto a ReconAfrica estava a promover cas acções.
A 19 de maio de 2021, um dia após a National Geographic enviar suas perguntas à ReconAfrica, a empresa apresentou 22 documentos adicionais aos reguladores canadenses, incluindo novas declarações e relatórios alterados.
Conforme relatado pela National Geographic , a ReconAfrica tem licenças para explorar petróleo e gásna região, mas tem enfrentado críticas generalizadas desde por não aplicar as proteções ambientais normais , operar sem licenças de água aprovadas e ignorar as preocupações da população local.
A queixa da SEC também alegava que funcionários da ReconAfrica e de outra empresa canadense, a Renaissance Oil, estariam a violar as leis de valores mobiliários dos EUA ao promover projecções de lucro para investidores com base em actividades, como fracking, para as quais não obtiveram licenças.
Apesar das controvérsias, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) de Angola assinou um Memorando de Entendimento com a ReconAfrica para actividades de exploração na bacia de Etosha-Okavango.
O acordo se insere na estratégia de dinamizar bacias sedimentares interiores e atrair investimento estrangeiro.
National Geographic