Denúncias de nepotismo e corrupção no Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais

O Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais (ISCPC), uma das mais importantes instituições de ensino superior do país, está no centro de um escândalo envolvendo acusações graves de nepotismo, corrupção e práticas questionáveis sob a liderança do atual diretor, André Young de Andrade Victor Inaculo.

De acordo com fontes internas, desde que Inaculo assumiu o cargo, a estrutura do instituto sofreu transformações alarmantes, com o favorecimento de amigos, familiares e até namoradas para cargos de liderança, muitos dos quais com qualificações questionáveis para funções de alto nível. Entre os denunciantes estão professores e funcionários do instituto, que afirmam que a pirâmide hierárquica foi invertida, colocando em posições chave indivíduos com formação muito abaixo do esperado para uma instituição de ensino superior.

Os relatos indicam que o chefe do departamento de Planejamento, Nelson Dinga, é técnico médio, apesar de ocupar uma posição que, em teoria, exigiria um nível superior de formação. O mesmo se aplica a outros cargos-chave, como o chefe do departamento de Relações Públicas, Bianca Ernesto, e o chefe do departamento de Apoio, Domingas Milú, todos com qualificações de técnico médio. A situação é ainda mais grave no departamento de Inspeção, onde o responsável, Afonso Ramires Akua, tem apenas a 8ª classe.

“É um absurdo que em pleno século XXI, numa escola superior, se nomeiem pessoas com essas qualificações para funções tão importantes. A qualidade do ensino e da gestão está em risco”, afirmou uma das fontes que preferiu não se identificar.

Além das nomeações duvidosas, outras denúncias indicam práticas de corrupção dentro da instituição. De acordo com as acusações, para ingressar no curso de cadetes da polícia, seria necessário pagar um valor de 800 mil kwanzas para os cadetes, um valor cobrado por Bonifácio Antônio, um antigo cadete, sob a supervisão de Zafa, chefe do departamento de Assuntos Acadêmicos. Outros funcionários, como Adelina Chambula, chefe do gabinete do diretor e amante de Inaculo, também estariam cobrando 500 mil kwanzas para facilitar a entrada na instituição.

O escândalo se estende ainda para a falta de salários aos professores, que estão há mais de um ano e meio sem remuneração. Segundo relatos, a direção do ISCPC estaria aplicando os recursos em contas do Banco BPC, com Zeca, o chefe financeiro, controlando os fundos desde a fundação da instituição.

O diretor Inaculo também é acusado de abusos de poder contra a equipe de gestão, inclusive contra os diretores adjuntos, a quem supostamente teria maltratado. Além disso, segundo fontes internas, ele não hesita em fazer uso de sua posição para favorecer interesses pessoais, como o controle de propriedades privadas, incluindo uma quinta, onde teria designado soldados do instituto para trabalhar. Este comportamento é visto como uma tentativa de garantir proteção política, devido à sua amizade com o comandante Ribas, ex-colega de curso de Inaculo.

O diretor também teria se mostrado insensível aos problemas internos do instituto, afirmando que, mesmo com as denúncias, nada seria feito, uma vez que tem proteção de figuras poderosas, como o comandante Ribas. “Podem se queixar à vontade, isso não vai dar em nada”, teria afirmado Inaculo, segundo fontes dentro da instituição.

Futuro da Instituição Sob Ameaça

As denúncias levantam sérias questões sobre o futuro do ISCPC, uma instituição crucial para a formação de novos policiais e profissionais da segurança pública em Angola. O abuso de poder, o favorecimento de pessoas sem qualificações adequadas e a falta de respeito pelos docentes estão minando a qualidade do ensino e o bom funcionamento da instituição. A falta de ação por parte das autoridades competentes, especialmente do Ministério do Interior e da Procuradoria Geral da República, levanta preocupações sobre a eficácia das instituições de fiscalização no país.

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