A recente denúncia do ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República de Angola, Francisco Furtado, sobre o envolvimento de governantes, generais, e comissários no contrabando de combustíveis levantou preocupações significativas sobre o impacto dessa atividade ilegal na economia e segurança nacional.
Segundo Furtado, a província do Zaire, especialmente a região fronteiriça, é o epicentro do contrabando, com volumes mensais apreendidos que variam entre 600 e 700 mil litros de combustível. No entanto, a gravidade da denúncia foi ofuscada por críticas de especialistas que afirmam que Furtado politizou um tema que deveria ser tratado de forma judicial, sem interferências, para garantir que os culpados sejam devidamente responsabilizados. Além disso, há receios de que, tal como no caso Lussati, as altas patentes denunciadas permaneçam impunes, com o foco da investigação desviando-se para atores menores enquanto os mandantes continuam intocados.
Essa desconfiança é reforçada pelas preocupações levantadas por líderes políticos da UNITA e do Bloco Democrático, que desafiaram o ministro a revelar os nomes dos altos responsáveis envolvidos no esquema.
Sem a transparência necessária, a denúncia pode ser vista como uma manobra política, usada para distrair a opinião pública de questões mais urgentes ou como uma cortina de fumaça para encobrir a real magnitude do envolvimento de figuras de alto escalão.
Assim, a falta de medidas concretas e a não revelação de nomes podem transformar essa potencial operação de combate à corrupção em mais um caso onde, como dizem os críticos, “a montanha parirá um rato” – ou seja, uma grande exposição pública que culmina em poucos ou nenhuns resultados significativos.