“A estimativa é ter o fecho financeiro do projeto nos próximos dezoito meses, e depois entre três a cinco anos de construção, e durante esse período veremos como melhorar o calendário de construção”, disse o diretor do projeto de desenvolvimento do corredor do Lobito e vice-presidente sénior da Corporação Financeira Africana (AFC), Osaruyi Orobosa, explicando que para se usar a linha não é preciso ela estar construída em toda a extensão.
“Podemos ir operando elementos da linha, mas só depois da seleção dos empreiteiros, por isso contamos, no mínimo, com cinco anos até ver o primeiro comboio (a percorrer toda a infraestrutura). Estamos no princípio de um longo caminho”, acrescentou, em entrevista à Lusa a partir de Lagos, na Nigéria.
O vice-presidente da AFC, entidade que é o principal promotor, juntamente com os Estados Unidos, a União Europeia e os governos de Angola, República Democrática do Congo (RDCongo) e Zâmbia, explicou como vai desenvolver-se este “projeto transformador” que liga o porto angolano do Lobito, às regiões ricas em minerais dos outros dois países africanos.
A linha férrea entre Lobito e a RDCongo foi construída no princípio do século XIX, mas precisou e precisa de substanciais melhoramentos para permitir um funcionamento mais eficaz, explicou, lembrando que a concessão ferroviária está atribuída, por 30 anos, a um grupo de empresas europeias formado pela portuguesa Mota-Engil, a Trafigura e a Vecturis.
Questionado sobre os montantes necessários para este projeto e quem irá pagar, Osaruyi Orobosa disse que o valor final não está definido, mas que os governos dos três países africanos não serão chamados a suportar o custo.
2,5 a 5 milhões de dólares ”Estamos ainda a fazer o projeto, não sabemos quanto vai custar; há estimativas de 2,5 até 5 milhões de dólares (2,2 a 4,4 milhões de euros) por cada quilómetro”, afirmou o vice-presidente da AFC, salientando que antes de ir ao mercado apresentar o concurso público, é preciso tirar risco ao projeto e garantir condições regulamentares favoráveis para os empreiteiros, e aqui entram os governos, que elogiou pela disponibilidade, rapidez e empenho na concretização do projeto.
“A ideia é os governos melhorarem o ambiente empresarial e darem incentivos fiscais, não é pagarem nada; devido à dimensão do projeto, estamos a olhar para financiamento das agências de crédito à exportação, esperamos que os próprios empreiteiros tragam financiamento, e que os investidores privados participem, para além de algumas instituições multilaterais que vão contribuir com subvenções para garantir a viabilidade do projeto”, explicou.
“O nosso trabalho é garantir que o projeto é bancável e que não há falta de investidores, mas é prematuro avançar valores, porque queremos apresentar aos investidores o melhor preço para a melhor obra possível, o que deveremos fazer daqui a três a seis meses”, adiantou.
DW