É chocante, escandaloso e desumano que Angola gaste mais de um milhão de dólares por dia com reclusos enquanto a maior parte da população enfrenta a fome e muitas pessoas estão a morrer por falta de condições básicas. No país, onde a pobreza extrema e a falta de acesso a serviços essenciais são a realidade de muitos, o investimento desproporcional em reclusos é uma afronta à dignidade dos angolanos.
Atualmente, o governo angolano gasta cerca de 50 dólares diários por cada um dos mais de 24.000 reclusos, resultando em um total de 1,2 milhões de dólares diários. Este valor é um aumento significativo em relação aos últimos cinco anos, quando se gastava entre 20 e 30 dólares por preso. Esses custos cobrem alimentação, assistência médica, vestuário, transporte e água, uma vez que muitos estabelecimentos prisionais não têm acesso à rede de água.
O panorama é preocupante e exige uma reflexão urgente sobre a alocação desses recursos. Em vez de sustentar economicamente os presos, o Estado deveria obrigá-los a trabalhar para se sustentarem. Esta abordagem não só reduziria os custos do governo como também promoveria a reabilitação e reintegração dos reclusos na sociedade, proporcionando-lhes habilidades úteis e ocupando o seu tempo de maneira produtiva.
Vários países têm implementado com sucesso programas onde os presos trabalham, trazendo benefícios tanto para o sistema penitenciário quanto para a sociedade. Nos Estados Unidos, por exemplo, programas de trabalho prisional são comuns e abrangem uma ampla gama de atividades, desde manufatura até agricultura. Na Noruega, os presos trabalham em condições que simulam um ambiente de trabalho normal, contribuindo para a sua reabilitação e reintegração social. Outro exemplo é a China, onde os presos são frequentemente envolvidos em trabalhos industriais e agrícolas, ajudando a reduzir os custos do sistema prisional.
Implementar programas de trabalho para presos em Angola pode ser uma solução viável e eficiente. Ao invés de gastar milhões de dólares em manutenção, o governo poderia investir esses recursos em programas de reabilitação, educação e capacitação profissional para os reclusos. Esta abordagem não só aliviaria a carga financeira sobre o Estado, mas também contribuiria para a diminuição da reincidência criminal, pois os presos teriam uma oportunidade real de reintegração na sociedade com novas habilidades e perspectivas.
Além disso, a redução dos custos prisionais permitiria ao governo direcionar mais recursos para áreas cruciais como saúde, educação e infraestrutura, beneficiando diretamente a população que mais necessita. Em um país onde muitos sofrem com a falta de condições básicas, é imperativo que o governo reavalie suas prioridades e direcione seus esforços para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Em conclusão, é fundamental que Angola repense urgentemente sua política de gastos com reclusos. A introdução de programas de trabalho prisional pode ser a chave para uma solução mais justa e eficiente, beneficiando tanto os presos quanto a sociedade em geral. É hora de agir com responsabilidade e humanidade, colocando os interesses do povo angolano em primeiro lugar.