Quase dois meses após o término do processo de contagem geral da população e habitação, iniciado oficialmente a 19 de Setembro de 2024 em todo o território nacional, centenas de recenseadores e supervisores que alegam não ter recebido os seus pagamentos planeiam realizar uma manifestação na sexta-feira, 24 de janeiro, em frente às instalações do Instituto Nacional de Estatística (INE), em Luanda.
Segundo um informe enviado à redação do Imparcial Press, a manifestação tem como objectivo pressionar o INE, liderado por José Calengi, a concluir os pagamentos referentes aos contratos celebrados em Setembro último.
O documento revela que, só no município sede de Luanda, mais de 2.000 agentes de campo, incluindo recenseadores e supervisores destacados em áreas como Kikuxi, Zango, Estalagem e Mulenvos, ainda não receberam os valores prometidos nos contratos, sem qualquer explicação oficial.
António Miguel e Vânia José, recenseadores destacados em Kikuxi, confirmaram ao Imparcial Press a intenção de participar na manifestação.
De acordo com os lesados, apenas receberam os valores do primeiro contrato no montante de 140 mil kwanzas, estando ainda por cumprir o pagamento das “adendas”.
Vamos participar da manifestação amanhã, a partir das 8h. Estamos cansados das promessas do INE. Queremos os nossos salários”, afirmaram os recenseadores.
Supervisores como João Paulo e Silva Bento, destacados em Talatona e Kilamba Kiaxi, não só confirmaram a participação no protesto, como também apelaram à exoneração imediata do director do INE.
“Fora a primeira merenda de 22.500 kwanzas, não recebemos mais nada. Estamos convencidos de que há uma máfia dentro do INE, alguém está a beneficiar-se dos nossos valores”, declararam.
Os mesmos afirmam que o INE deve-lhes cerca de 150 mil kwanzas por cada contrato e acusam a direcção da instituição de insensibilidade face à situação de mais de 30 mil cidadãos ainda sem receberem os seus pagamentos de forma integral.
A manifestação não está restrita à província de Luanda. Recenseadores provenientes de Benguela e Cuanza Norte também confirmaram a sua participação.
“Estamos a caminho de Luanda para exigir o pagamento das nossas adendas e a exoneração do diretor do INE. Estamos fartos de promessas falsas”, garantiram.
Apesar de vários pedidos de esclarecimento dirigidos ao INE, o Imparcial Press não obteve qualquer resposta da direcção da instituição até à publicação desta matéria.
A terceira fase da recolha geral de dados estatísticos referente ao Censo 2024 terminou a 18 de Dezembro do mesmo ano. Segundo o último comunicado do INE, os resultados definitivos deste processo apenas serão divulgados em 2026.
Ngola Ntuady Kimbanda Nvita