Luanda – A direcção do estabelecimento comercial Big One, em Luanda, suspendeu esta semana, por tempo indeterminado, o vínculo laboral com mais de 380 funcionários, após o encerramento do supermercado, no mês de Fevereiro, pelo Tribunal da Comarca de Luanda, sob penhora, elegendo como fiel depositário o Banco de Comércio e Indústria (BCI), que exige da Big One o pagamento total da dívida.
Mesmo estando fechado pelo tribunal, o estabelecimento comercial Big One, na pessoa do seu proprietário, Rui Conceição, pagou o salário do mês de Fevereiro, e prometeu pagar ainda os meses de Março e Abril, mas assegura não ter condições financeiras para continuar a pagar salários com o estabelecimento encerrado pelo tribunal, que apenas faz “vistas bonitas” ao BCI.
Numa carta endereçada à Inspecção Geral do Trabalho (IGT), e as demais instituições do Estado, a que o Club-K teve acesso, a Big One realça que, decide suspender o vínculo laboral com todos os funcionários por conta do processo 1446/2022-F, que corre trâmites no Tribunal da Comarca Luanda (TCL), onde foi penhorado o imóvel que serve de estabelecimento, por conta de uma dívida que o seu proprietário tem com o BCI, que assume liquidar, mas o banco não aceita os moldes de liquidação da instituição, após manter bloqueada a conta da empresa por um ano.
No documento, a Big One diz que o estabelecimento continua encerrado e que não sabe por quanto tempo esta “batalha judicial” vai durar em tribunal, uma vez que, o mesmo não responde à solicitação de recurso interposto, e em obediência à lei, visto que não tem realizado no estabelecimento actividade laboral, que gera lucros, vê-se obrigado a cessar neste período os direitos e deveres das partes.
Segundo a Big One, o seu proprietário, Rui Conceição, lutou para manter os postos de trabalho dos funcionários, que agora vão para o desemprego.
No entanto, vários funcionários questionam o facto do BCI não preservar os postos de trabalho. “Como é possível deixar empregados e familiares assim sem um pão?”, questionam e descrevem que “há no interior do supermercado, muitas mercadorias a estragarem e o BCI está nem aí para resolver o problema”.
Entretanto, os 380 funcionários, 38 dos quais são portadores de deficiência, ficam a partir de Maio sem salário.
Walter Rocha, um dos muitos outros portadores de deficiência, lamenta o facto de irem para o desemprego, visto que no país há poucas empresas que contratam os portadores de deficiência e a Big One é uma destas poucas empresas.
“Por favor, senhores do BCI e do tribunal, vocês vão matar muitas famílias e 38 deficientes físicos que ganham o seu pão trabalhando na Big One. Resolvem o problema e parem de perseguir quem nos dá vida”, contou.
Segundo a Big One, há má-fé do BCI, pois há em stock, no estabelecimento, mercadorias superiores ou próximas à dívida milionária que o seu proprietário tem com o banco.
Conforme a Big One, a dívida vai até ao ano de 2034, mas o credor, o Banco de Comércio Indústria (BCI), quer que a mesma seja paga antes, alegando ser a Big One um devedor.
No passado dia 17 de Fevereiro, após dois meses sobre o encerramento do supermercado Big One, por ordem judicial, devido a uma dívida de milhões kwanzas, o tribunal mandou encerrar outra vez este supermercado, localizado no bairro Alvalade, sob penhora, elegendo como fiel depositário o BCI.
No entanto, a Big One aguarda há mais de um mês, pela resposta do recurso interposto ao tribunal sobre a decisão da penhora, mas o órgão de justiça “continua em absoluto silêncio”, facto que leva a empresa a cessar os direitos e deveres entre as partes.
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