A antiga comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional (PN) e ex-conselheira dos então comandantes-gerais Paulo de Almeida e Arnaldo Carlos, comissária-chefe Elizabeth Rank Frank, mais conhecida por comandante “Bety”, vai a julgamento esta semana no Supremo Tribunal Militar (STM), acusada de movimentar meios e efectivos da Polícia “em defesa exclusiva dos seus interesses pessoais”, à sombra do cargo que ocupava. O actual comandante-geral da PN, Francisco Ribas, está arrolado no processo-crime como testemunha, por ser, à data dos factos, o comandante da Polícia Nacional em Luanda.
Segundo o Novo Jornal, Elizabeth Rank Frank, actalmente comissária-chefe reformada, movimentou os meios e efectivos da PN após receber um pedido de ajuda de uma amiga para prender um cidadão, o pai da sua neta, de 12 anos, que supostamente tinha conflitos com a sua filha, a mãe da menor, no município do Talatona, em Luanda. E que era acusado pela amiga da ‘comandate Bety’ de raptar a criança. Aquele comando da polícia apercebeu-se depois que não se tratava, afinal, de um rapto, pois a menor tinha-se refugiado em casa do pai, depois de se queixar que era maltratada pela mãe.
A responsável da PN em Talatona ainda aconselhou a família da menor a tratar o assunto no foro familiar, mas a comandante “Bety” não aceitou e pediu para que a polícia ligasse ao pai da menina e o intimidasse, passando por cima da autoridade da comandante do Talatona e dos oficiais de investigação em serviço.
À revelia, conta a acusação, a ‘comandante Bety’ criou uma equipa de busca e captura do cidadão, que procurou por quase toda a cidade de Luanda, como se de um indivíduo altamente perigoso se tratasse, incluído em duas residências de um renomado general, por sinal parente do pai da menor, sem os devidos formalismos. A acusação diz que as viaturas-patrulha da PN, assim como outros meios, foram movidos do comando do Talatona por ordem da arguida, sem conhecimento do comando provincial de Luanda.
O advogado do cidadão lesado, Osvaldo Salupula, confirmou ao Novo Jornal o início deste julgamento no Supremo Tribunal Militar na próxima quinta-feira,27.
Segundo este causídico, a comissária-chefe reformada Elizabeth Rank Frank é acusada do crime de abuso no exercício do cargo, nos termos do artigo 28.º da lei n.º4/94 de 28 de Janeiro, Lei dos Crimes Militares. Elizabeth Rank Frank, a famosa comandante “Bety”, foi a primeira mulher em Angola a atingir a patente de comissária-chefe da Polícia Nacional, e também a 1.ª e única mulher a ocupar o cargo de comandante provincial de Luanda da PN.
Novo Jornal