A comissão ad hoc, representando os bairros Taka, Vimbalambi IV e as comunidades circunvizinhas à Estrada Nacional 100, no município do Lobito, em Benguela, apresentou uma queixa às autoridades locais, expondo problemas ambientais graves relacionados com três empresas locais: AngoLaca, Cimenfort (fábrica de cimento) e Carrinho.
As denúncias, em posse do Imparcial Press, destacam uma situação alarmante de poluição atmosférica e sonora, que os moradores qualificam como “desumana, cruel, impiedosa e inconcebível”, especialmente em relação às operações do complexo industrial Carrinho.
De acordo com a comissão, a poluição atmosférica e sonora originada por estas indústrias tem causado sérios danos à saúde dos residentes e ao meio ambiente, num claro desrespeito pela dignidade humana.
“Vivemos num cenário de completo abandono e desprezo pela vida humana”, afirmou ao Imparcial Press um dos membros da comissão, que preferiu não se identificar.
Os moradores relatam que o problema tem-se agravado nos últimos anos, sem que medidas eficazes tenham sido adotadas pelas autoridades competentes para mitigar a poluição ou responsabilizar as empresas envolvidas.
“A situação tornou-se insustentável, e as nossas queixas têm sido sistematicamente ignoradas”, acrescentou outro representante da comunidade ao Imparcial Press.
Até ao momento, as empresas acusadas mantêm-se em silêncio, ignorando as denúncias. O descontentamento entre os residentes está a gerar uma pressão crescente sobre as autoridades locais para uma resposta imediata e para a implementação de medidas concretas que possam proteger a saúde e o bem-estar da população.
A comissão ad hoc reafirma o seu compromisso de lutar por justiça e dignidade, prometendo continuar a pressionar tanto as empresas como as autoridades para que tomem as ações necessárias para resolver o problema e restaurar a qualidade de vida na região.
Neste contexto, a comissão enviou uma missiva à Provedoria de Justiça em Benguela, que, por sua vez, reencaminhou o caso ao gabinete da Procuradoria-Geral da República local para os devidos trâmites. No entanto, a falta de ação efetiva tem alimentado a frustração dos moradores.
Silêncio da Imprensa Local
O Imparcial Press apurou que a comissão tem feito várias tentativas para envolver os órgãos de imprensa local na denúncia da situação, mas tem enfrentado uma resistência surpreendente.
Apesar da natureza pública das televisões e do facto de Angola ser um Estado democrático e de direito, fundamentado na soberania popular e no primado da Constituição e das leis vigentes, que garantem direitos como à vida, à habitação e a um ambiente saudável, a comunicação social local tem falhado em dar a devida cobertura ao caso.
“Estamos a ser ignorados pela TPA e pela TV Zimbo. Estes órgãos estão a ignorar a nossa denúncia, que procura alertar tanto os empresários como as entidades governamentais sobre a gravidade da situação”, denunciou um membro da comissão ao Imparcial Press.