O empresário Álvaro Sobrinho é um dos investidores por trás do fundo que adquiriu o grupo Global Media (GMG) em 2023. A informação foi avançada esta quinta-feira por uma investigação do Expresso e da SIC, que revela que o ex-presidente do BES Angola (BESA), investigado em Portugal e acusado de vários crimes, é accionista do World Opportunity Fund (WOF), registado nas Bahamas e gerido pela sociedade suíça UCAP.
Sobrinho assumiu ser um dos accionistas do fundo, tendo-o recomendado ao empresário José Paulo Fafe, que intermediou a entrada do WOF no grupo Global Media. A título pessoal, Álvaro Sobrinho disse não ter tido interesse em investir no grupo, mas indicou o World Opportunity Fund ao empresário português.
No entanto, a investigação do Expresso e da SIC expõe ligações que indiciam uma posição de relevo do antigo banqueiro angolano ao fundo. O WOF e um fundo associado também financiaram a Printer Portuguesa, uma gráfica de Sobrinho que entrou em insolvência em 2024 com dívidas superiores a 13 milhões de euros. Apesar de constar nos contratos do investimento uma hipoteca sobre o edificio da gráfica, essa garantia nunca foi registada numa conservatória, levantando dúvidas sobre a real natureza e o objectivo da operação financeira.
A falta de transparência sobre os beneficiários do World Opportunity Fund levou a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) a suspender os seus direitos de accionista na Global Media em Março de 2024, obrigando à sua saída do grupo de comunicação social e à consequente venda do Jornal de Notícias e da TSF a novos investidores. A alienação da participação detida pelo WOF na empresa Páginas Civilizadas, que por sua vez detinha a maioria do capital da Global Media, aconteceu em Setembro do ano passado.
O nome de Luís Bernardo, ex-assessor de José Sócrates, também é referido pela investigação jornalística. Segundo o Expresso e a SIC, Bernardo faria, com Fafe, a ponte entre Sobrinho e o grupo, e terá desenhado um plano estratégico para GMG, encomendado por Fafe, após a entrada do WOF. No entanto, o ex-assessor do antigo primeiro-ministro disse não ter “qualquer relação com o referido fundo”.
Público.pt