Alrosa recusa vender ações na mina de Catoca à sul-africana De Beers

Saída da companhia russa de Angola continua num impasse

A questão da venda das ações da companhia russa Alrosa na mina de diamantes de Catoca em Angola continua aparentemente sem soluções.

As autoridades russas tornaram agora claro que há certas condições que têm que ser cumpridas antes disso acontecer e impuseram restrições a quem pode comprar essas ações.

Falando à margem do forum financeiro de Moscovo o vice ministro das finanças russo Alexei Moiseyev disse que a Alrosa continua à procura de um comprador para as suas ações na Catoca.

Mas o ministro tornou claro que quem quer que seja o comprador não pode ter ligações com a companhia sul-africana De Beers que controla um percentagem de mercado dos diamantes em bruto igual à Alrosa.

Moiseyev tornou claro que que a Alrosa só vai abandonar Angola “devido à posição da parte angolana”.

O vice ministro russo descreveu a situação como “sensível” acrescentando que só haverá um anúncio sobre a solução do problema quando for assinado um acordo

Para Moiseyev a Russia é um parceiro estratégico e precisa de um parceiro que desenvolva o projeto, pague um bom preço por ele e “não esteja afiliada à De Beers”.

“Isto é o quebra-cabeças que temos que resolver”, disse.

A Alrosa controla 41% da Sociedade Mineira de Catoca que fundou juntamente com a companhia angolana Endiama.

Catoca é a quarta maior mina de diamantes em volume de produção produzindo cerca de seis milhões e meio de quilates de diamantes em bruto por ano com reservas estimadas em 120 milhões de quilates.

Estima se que a Alrosa recebeu de dividendos entre 1995 e 2018 cerca de 464 milhões de dólares anualmente.

Angola quer que a Alrosa venda a suja participação na Catoca por se ter tornado tóxica para a comercialização de diamantes angolanos, devido às sanções internacionais à Rússia, mas a multinacional Russia exigia anteriormente fechar contas para efetuar a saída da estrutura acionista da empresa mineira de Catoca.

Em Abril deste ano a Rússia reconheceu que a companhia teria que vender a sua participação na mina de diamantes de Catoca, em Angola, e confirmou haver já companhias interessadas em adquirir a sua participação.

Em setembro o embaixador angolano na Rússia, Augusto da Silva Cunha, disse que Moscovo e Luanda continuavam a trabalhar para remover os obstáculos às operações da Alrosa em Angola.

O diplomata disse então que Angola e a Rússia estavam “a desenvolver mecanismos para ultrapassar as dificuldades que surgiram”, sem dar pormenores quer sobre esses mecanismos quer sobre o impacto da continua presença da Alrosa na Catoca.

O diplomata disse contudo que Angola não estava a dificultar negociações para mais cooperação, numa aparente alusão a notícias de desentendimentos entre as duas partes.

VOA Português

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