Luanda — A corrupção em Angola está profundamente enraizada em diversos sectores da sociedade, desde os mais básicos àqueles que requerem uma maior sofisticação de métodos usados para o desvio de fundos.
A Transparência Internacional investigou 78 casos de corrupção em diversos países africanos, incluindo Angola, revelando o desvio de 3,7 biliões de dólares para as nações mais ricas.
O foco da investigação em Angola está em figuras como Carlos São Vicente e Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos mas mesmo após processos contra essas figuras, a corrupção persiste no país.
De acordo com a Transparência Internacional, figuras de alto escalão utilizam empresas offshore para ocultar activos e promover interesses pessoais, desviando recursos essenciais destinados ao desenvolvimento de infraestrutura. A pesquisa revelou que cerca de 80% desses activos estão fora da África, com destinos como Reino Unido, EUA e França.
De acordo com Anastácio Domingos, economista de profissão o abismo da corrupção em Angola continua imenso, reforçando a ideia de que a luta iniciada pelo presidente João Lourenço deve ser ampliada, contando com o apoio de toda a sociedade angolana.
“O que se deve fazer neste momento é continuar, os mecanismos de controlo do Estado devem continuar a atuar com maior rigor e adaptar-se às novas formas de como os corruptos e os corruptores tenham operado”, disse sublinhando que “a corrupção prejudica a economia, prejudica a equidade social, porque alguns são beneficiados e outros não são, e isso, portanto, é muito mau”
Se o combate à corrupção começou a bandeira do presidente, a sociedade toda deve dar-se a mão para, portanto, participar neste combate, denunciar, para que a sociedade seja para todos, de forma igual, todos sejam beneficiados em igual circunstância,” apelou Domingos.
Além das denúncias de corrupção em áreas como educação, saúde, segurança pública e contratação de agentes da polícia, funcionários dos serviços penitenciários, dos serviços de emigração estrangeiros, emissão de passaportes, cartões de residências, Domingos aponta que também existem altos responsáveis governamentais que, ao contratarem empresas para prestação de serviços ao Estado, beneficiam de grandes somas, com destinos as nações mais ricas.
Embora haja muitos casos “com pouca visibilidade” a sociedade sabe que isso é real”, disse.
Dorivaldo Adão, outro economista angolano, entende que há agora maior consciência sobre sobre o combate à corrupção mas diz que é preciso “que haja maior educação e responsabilização dos prevaricadores”.
“É preciso continuarmos a educar cada vez mais as famílias e a responsabilizar todos aqueles que continuarem com essas práticas.” Disse.
A Transparência Internacional pede a implementação de medidas mais rigorosas para combater o branqueamento de capitais e para se repatriar os fundos desviados, a fim de minimizar os danos causados por essas práticas ilegais.
VOA