Em Angola, quase 50 anos depois da independência, “a guerra não acabou”, porque o país ainda se confronta com a fome e a pobreza. É a opinião de António Costa Silva, angolano que integrou Governo socialista português.
“Angola investe muito pouco em educação e em saúde. Sem isso não pode haver uma transformação estrutural do país”, afirma António Costa e Silva em entrevista à DW.
Para o angolano que foi ministro da Economia e do Mar no Governo português de António Costa, “o país – 50 anos depois do inüicio da luta pela independência – não atingiu nenhum dos seus grandes desígnios”, nomeadamente a criação de “uma economia próspera” capaz de “tirar grande parte dos angolanos da miséria”.
Para Silva, que nasceu em Angola em 1952, a principal aposta para o desenvolvimento do país passa pela educação.
Segundo Costa Silva, a guerra civil, a mais longa da história de Angola, marcou o país e as pessoas. Mas, acrescenta que “a guerra não acabou”, porque há um combate diário persistente pela sobrevivência. Um combate agora sem armas, na luta contra a fome.
Costa Silva, que elaborou, em 2020, a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 e presidiu a Comissão Nacional de Acompanhamento do Programa de Recuperação e Resiliência desde maio de 2021, afirma que Angola ainda tem pela frente desafios enormes “a nível da diversificação da economia, da minimização da dependência dos recursos naturais, particularmente, do petróleo”, mas também com vista à “criação de diferentes polos de desenvolvimento e, sobretudo, na luta contra a pobreza, que continua a grassar grande parte da população”.
A propósito dos próximos pleitos eleitorais, António Costa Silva lembra que “a alternância democrática é absolutamente fulcral no funcionamento dos regimes e das democracias”.
O ex-ministro é autor do livro “Desconseguiram Angola”, acabado de lançar em Lisboa, escrito no auge da guerra civil e que deixou marcas profundas na sociedade angolana.