Tem 29 anos, trabalha em banca de investimento, em Londres, e é o rosto do Bank of America para os negócios no sector da energia que envolvem países lusófonos. Francisca Albarran-Bonde chegou à vice-presidência da instituição financeira em janeiro deste ano e é a convidada desta semana do podcast “O CEO é o limite”, numa conversa sobre o caminho até ao topo, a resiliência necessária para lá conseguir ficar e o sol, as saudades que sente do sol.
É a eterna questão: é mais difícil chegar ou ficar? A resposta de Francisca Albarran-Bonde, vice-presidente do Bank of America para a região da Europa, Médio Oriente e África, é imediata: “Ficar. Ficar é, definitivamente, mais difícil do que chegar”. Licenciada em Economia pela Nova SBE, rumou a Londres para concluir a sua formação académica com um mestrado em Finanças, pela Cass Business School. Não voltou a Portugal e admite que ter o trabalho que tem, na área que sempre quis – banca de investimento – com a exposição que tem atualmente, ”seria difícil em Portugal”.
A partir de Londres, Francisca lidera uma equipa analistas e associados, e aos 29 anos tem nas mãos a responsabilidade de representar o Bank of America, em todos os negócios que envolvem investimento na área dos recursos naturais e transição energética nos países lusófonos. “Trabalhamos com clientes e negócios que definem a sociedade e a economia da qual fazemos parte”, diz, reconhecendo o enorme “sentido de realização” que a missão lhe dá.
Mas, “nem tudo é céu azul”. Se o caminho para chegar a Wall Street foi difícil e exigiu que traçasse várias rotas, principais e alternativas, o grau de exigência que enfrenta diariamente para se manter competitiva na posição que conquistou exige “muita resiliência, porque as coisas não se conseguem de imediato e à primeira tentativa”. E exige também, como diz, um enorme sentido de compromisso e resistência para aguentar rotinas de trabalho em que as 24 horas do dia não são suficientes.
Um dia normal de trabalho na agenda de Francisca começa às nove da manhã e termina à meia-noite. “Há dias melhores, mas também há outros muito piores”, diz, enquanto explica que como vice-presidente, esta rotina de trabalho é bastante melhor do que a que teve em início de carreira, porque “à medida que progredimos os horários também melhoram”.
Admite que o ecossistema da banca de investimento é “muito complexo” e exige uma dedicação quase total. Mas para Francisca Albarran-Bonde “é obviamente gratificante” perceber a importância que o trabalho que desempenha com a sua equipa tem. “Os meus clientes são do sector da energia, portanto trabalho em transações que definem, muitas vezes, as dinâmicas geopolíticas, económicas e energéticas da Europa”. Voltar a Portugal faz parte dos seus planos. Não define prazos, não sabe quando, nem se a espera uma carreira na banca. O que sabe é que lhe falta o sol.