Afectado pelas sanções impostas pelos países ocidentais no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o fundo de investimento Gemcorp, que inicialmente financiava a refinaria de Cabinda, em Angola, não conseguiu obter financiamento junto de bancos russos.
Para evitar atrasos contínuos no comissionamento do projecto da refinaria, a Sonangol avançou com os primeiros pagamentos de investimentos que teriam sido feitos pela Gemcorp. Embora a Sonangol não tenha divulgado o valor, alegando confidencialidade, especialistas dizem que o pagamento foi de US$ 50 milhões.
A petrolífera estatal, que tem 10% do projecto, tinha negou várias vezes que estivesse a dar qualquer ajuda financeira a Gemcorp.
A admissão final da Sonangol justificou as críticas ao projecto, pois não havia razão para a Gemcorp entrar no negócio como sócia, uma vez que o fundo de investimento não tinha experiência em investir em refinarias na Rússia. O fracasso da Gemcorp em cumprir suas obrigações de investimento desta vez certamente despertará mais suspeitas no sector.
Com as sanções ocidentais à Rússia em meio ao conflito Rússia-Ucrânia, a Gemcorp está impedida de acessar bancos russos e financiamento sob as actuais condições de mercado.
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional já tinham explicado ao governo angolano que este investimento em Angola não fazia sentido, sobretudo se o investimento visasse acabar com os subsídios estatais ao consumo de combustíveis. Se os custos de refinação em Angola continuarem altos no futuro, o governo acabará por ser forçado a subsidiar métodos de produção para exportação de combustível, o que acabará por subsidiar o consumo de combustível na República Democrática do Congo ou na Zâmbia.