O Presidente da República, João Lourenço, está directamente envolvido na construção de um ambicioso Centro de Convenções na zona da Chicala, em Luanda, um projecto que tem gerado controvérsia por contrariar o Plano Director Geral Metropolitano de Luanda (PDGML), segundo noticia do Jornal Kessongo. Apesar do veto do Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda (IPGUL), que considerou o projecto incompatível com os usos previstos para a área — nomeadamente habitação, lazer e cultura, com limite de altura de oito andares — a obra avança com apoio do mais alto nível do Executivo.
O projecto, que inicialmente previa um investimento de 200 milhões de dólares, já regista uma estimativa revista para 300 milhões, devido a alterações não autorizadas. O empresário Sílvio Alves Madaleno é apontado como um dos principais promotores da iniciativa, que poderá contar com financiamento de um sindicato bancário envolvendo o BFA e o Banco Valor. Há ainda informações não confirmadas sobre a emissão de uma Garantia Soberana do Estado, que, a existir, careceria de validação presidencial.
Fontes próximas ao processo revelam ao Jornal Kessongo que o Presidente João Lourenço tem realizado visitas discretas mas regulares ao local da obra, sinalizando o seu compromisso pessoal com o sucesso do empreendimento. Esta postura contrasta com o parecer técnico do IPGUL, que considerou o projecto uma violação às normas de planeamento urbano em vigor, num contexto em que Luanda enfrenta desafios graves de ordenamento territorial e transparência nas grandes construções.
Para além das questões legais e urbanísticas, o projecto levanta preocupações sociais e ambientais. A construção do centro e da marina associada implicará a demolição de várias habitações na Chicala, sem que haja, até ao momento, garantias claras sobre o realojamento das famílias afectadas. Também não se sabe quem assumirá os custos de desassoreamento dos canais da baía, essenciais à navegabilidade. A ausência de painéis informativos no estaleiro de obras agrava a sensação de opacidade num projecto que avança sob forte tutela presidencial. In Kessongo
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