Fórum de Auscultação e Concertação Empresarial (FACE), Associação Industrial Angolana (AIA), Grupo Técnico Empresarial (GTE), Conselho de Auscultação Económico e Social (CAES), saco entidades que, pela sua composição, jogam um papel crucial no processo de desenvolvimento económico e social do país. Porém, fala-se muito, mas faz-se pouco na prática.
Júlio Gomes
Por exemplo, o FACE, que tinha à frente o malogrado empresário Gamboa, muito conhecido pelas linas (ALPEGA), nunca se capitalizou na intervenção efetiva nas questões empresariais de domínio publico. “Era mais espaço de afirmação pessoal do que de criação de um ambiente que favorecesse o empresariado”, referiu um engenheiro que trabalhou em algumas dessas organizações até 2019.
Em comparação a Portugal, onde sempre que há uma questão empresarial, os sindicatos e as associações do setor são chamadas pelo Estado ao discurso, o FACE recebe dinheiro do Estado, mas nota-se que pouco ou nada esta a fazer, no domínio da apresentação de pareceres aos programas do Governo”, referiu o nosso contacto, acrescentando que, por isso, os membros dessas organizações jogam com influências para assegurarem os seus interesses particulares.
Num outro parecer, mais fatal e patriótico: “Ou seja, este país precisa de empresários que sejam empreendedores de fato, os que estão nas câmaras ocultas apenas olham para a sua loja, prejudicando a maioria”. A esse respeito, outra fonte cita a empresária Francisca Vitorino que entrou em 2017 ao Conselho Empresarial Angolano (CEA) que também não foi para além da retórica nem tão pouco da crítica como afetou diretamente João Lourenço, logo que assumiu a presidência do fórum”, revelou a este jornal, um antigo empresário integrante dessas iniciativas.
Este especialista na ove o TACT e a AIA a atuarem com independência nas discussões de domínio publico. Lembra que a AIA e o GTE há muito deixaram de fazer parte do debate sobre os impostos, o que não se entende porque São entidades que deviam ser as primeiras a tomar posições publicas sobre isso.
O GTE praticamente deixou de fazer parte do contexto empresarial angolano. Outra empresa mencionada foi o Conselho de Auscultação Económico e Social (CAES), que acabou sendo esvaziado por falta de acção e hoje já não é uma referência no setor.
Em resumo, a falta de intervenção ativa do empresariado nas questões publicas afeta o crescimento económico dos pais.
E a AIA?
Criada em 1990, com interrupções no exercício entre 1992, a Associação Industrial Angolana (AIA) teve algum posicionamento ativo no início dos anos 2000, mas foi perdendo espaço à medida que seus dirigentes começaram a ter interesses próprios em setores específicos, ao invés de defenderem a classe empresarial no geral.
Atualmente, muitas empresas não veem utilidade em se associarem à AIA, pois não sentem benefícios diretos em sua atuação. Empresários locais criticam a falta de propostas concretas da AIA para enfrentar desafios como a tributação excessiva e a burocracia.
A expectativa é que essas associações sejam reformuladas para um papel mais ativo no desenvolvimento económico do país.
José Severino, cansou-se de tanto clamar no deserto. Tanto que o projeto de instalação de fazendas agrícolas em 160 municípios para a indústria da fruta e a produção de carne, não andou. Trata-se de uma iniciativa que deveria congregar numerosas famílias do campo, dando-lhes conhecimento para potenciar a cultura de gado, leguminosas, hortaliÇas, frutas e que precisa nas nossas mesas e exportar excedente para outros países.
Em 2021, José Severino sugeriu educação financeira para esta básica cadeia de “Mao, pano, machar e pregar”. A sustentabilidade só pode ter este produto. A batata é de se perder. Estes lençóis estavam isentos do pagamento do IVA e da tarifa do serviço do OGE, mas a medida foi dada de vez aos 30%.
As iniciativas vem fracaÇoes de Severino e as famílias devem situar-se no facto de que São estas culturas as grandes exportadoras do pais. A insustentabilidade é um dos que esta por debaixo de José Severino acerca da industrialização da agricultura e de que o homem só pode viver nos montes”, aponta a fonte que adianta que os empresários locais tem falta de terra para investir e as aldeias não tem infraestruturas básicas para gerar negócios de impacto local.
A ideia da reforma rural também esta na base de uma revisão do benefício fiscal do investimento na industrialização do campo. “O que esta a faltar é fazer-se trabalho de impacto para que Angola evite ser uns pais eternamente dependente das importações”, reforça um engenheiro agrónomo que acompanha as iniciativas de José Severino.
No entanto, uma outra fonte questiona: “por que razão o Conselho de Auscultação Económico e Social simplesmente existe se nada do domínio do aconselhamento ao Chefe de Estado.
“Os órgãos de consulta do Presidente da república devem assumir o seu papel real, numa altura em que o, país precisa da materialização de boas decisões que saiam dos gabinetes”, indicou, dando a anotação de que “Angola é uns pais que tem tudo para dar certo, quer em riqueza e subsolo, quer em recurso que precisa de ser lapidada para o trabalho socialmente útil”.
Considerando que “aqui há de tudo”, este contacto acrescenta que “o país em condições normais não precisaria de ir à busca de empréstimos a bilionários da China que podiam importar o futuro de gerações, quando se pode fabricar a nossa diversificação agrícola e ter no setor industrial mais capacidade para transformar Angola num dos países mais importantes de Africa e do mundo”.
Refere ainda que o município do Cazombo, agora que saiu de Província do Moxico Leste, tem recursos suficientes para alimentar todo o país por décadas. “Refiro-me às potencialidades mineiras e agrícolas. Há ocorrências de terras raras, há diamantes, urânio e vários outros elementos necessários na indústria moderna. Entao, estas associações que temos ou se empenham sério, ou então temos de buscar soluções para a exploração destas riquezas para todos e não apenas para as suas bocas”, explicou.
Jornal Pungo a Ndongo