Dirigentes usurpam poderes no Instituto Nacional de Segurança Social

Dois dirigentes angolanos estão a ser acusados de se apropriarem indevidamente das competências do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), uma entidade sob a tutela do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS). As acusações apontam para o uso arbitrário do poder, prejudicando os subordinados e facilitando o enriquecimento ilícito.

De acordo com informações apuradas pelo Imparcial Press, os dirigentes em causa são Pedro José Filipe, Secretário de Estado para o Trabalho e Segurança Social, filho da ex-governadora do Huambo, Lotti Nolika, e Filipe Zola, administrador da área financeira do INSS.

Pedro Filipe ocupa o cargo de secretário de Estado desde Abril de 2020, enquanto Filipe Zola foi nomeado administrador em Novembro de 2021 pela ministra de tutela, Teresa Rodrigues Dias.

Fontes ouvidas pelo Imparcial Press indicam que desde a sua chegada à área financeira do INSS, Filipe Zola terá assumido um controlo informal sobre as decisões do instituto, afastando a autoridade do presidente do Conselho de Administração, Anselmo Monteiro, que, segundo relatos, “não é tido nem achado”.

“Anselmo Monteiro é apenas uma figura decorativa, pois quem realmente toma as decisões é Filipe Zola, sob orientação directa do secretário de Estado Pedro Filipe”, revelou uma fonte anónima.

Entre as alegadas decisões tomadas de forma unilateral por Zola destacam-se os investimentos financeiros do INSS, bem como exonerações e nomeações estratégicas.

Um exemplo disso são as recentes exonerações em instituições associadas ao INSS, como o Instituto Sapiens, a TSCO – Tecnologias, Sistemas e Consultoria, S.A., e Osilo Resorts e Hotéis, todas decididas, alegadamente, por Filipe Zola.

Fontes do Imparcial Press relatam ainda casos de nepotismo nos Serviços Provinciais do INSS em Luanda, sob o comando de Blanche Chendovava. As acusações incluem a colocação de indivíduos sem experiência relevante, alegadamente enviadas por Filipe Zola e Pedro Filipe.

“Quem visitar os serviços de Luanda vai encontrar jovens sem qualquer preparação para as funções, muitas delas com ligações pessoais próximas aos dirigentes. Quase todos os meses surgem novas funcionárias enviadas por eles”, denunciou outra fonte.

As suspeitas apontam para o favorecimento de familiares, amigas e amantes dos dirigentes, sob o olhar cúmplice do presidente do Conselho de Administração, Anselmo Monteiro.

Auditoria do SINSE

Recentemente, uma equipa de auditores do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) deslocou-se ao INSS para averiguar as contas da instituição. Os primeiros dados sugerem a existência de várias irregularidades graves, que poderão culminar na exoneração de alguns responsáveis.

Filipe Zola, administrador financeiro do INSS, possui uma carreira com passagem pelo sector bancário, nomeadamente no BCI e no extinto Banco Postal. Trabalhou igualmente na General Electric, nos Estados Unidos de América. Actualmente, Zola é também associado a investimentos e património em Londres, Portugal e Angola.

Estas revelações levantam questões sobre a gestão e integridade do INSS, um órgão fundamental para a segurança social em Angola, que arrecada mais de 50 mil milhões de kwanzas por mês.

Imparcial Press

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