A crise do cimento poderia ser evitada se a província angolana de Cabinda tivesse uma fábrica de cimento ou um porto de águas profundas capaz de suportar descargas de mercadorias.
Atualmente, o custo para buscar cimento na capital, Luanda, faz com que muitos importadores abram mão do mercado nacional e optem por ir comprá-lo na cidade de Ponta Negra, na República do Congo Brazzaville.
Gilberto Mbuangui, um dos importadores, lamenta a situação.
“As condições logísticas não permitem porque temos que transportar via Luanda/Soyo/Cabinda o que acarreta altos custos e riscos. Já do outro lado, do Congo Brazzaville, temos os problemas cambiais que estão dificultando os importadores”, desabafa Mbuangui.
Pedro Gime, outro importador, acrescenta que “para uma barcaça transportar 2,5 toneladas de cimento de Luanda para Cabinda” têm de pagar “cerca de 17 milhões de kwanzas (o equivalente a cerca de 16.980 euros).
“Além desse valor, ainda há custos adicionais com o caminhão que transporta o cimento da fábrica até o porto pesqueiro”, enfatiza.
Segundo Pedro Gime, a juntar a esses gastos, há ainda as taxas portuárias em Luanda e Cabinda que rondam os 13 milhões de kwanzas.
“Somando todos esses valores, o saco de cimento em Cabinda, pode custar entre 11 a 12 mil kwanzas”.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que, no mercado nacional, o preço do saco de cimento passou de 3.200 kwanzas (equivalente 3 euros) para os 5.400 kwanzas, (equivalente a cerca de 5 euros). Na prática, representa um aumento de 69 por cento.
Para o caso específico de Cabinda, o preço subiu de 7.500 para 10.000 kwanzas, o que corresponde a um aumento de preço de 33%.
À DW, o economista Alberto de Assunção Lello defende mais ações por parte do Governo com vista a controlar a inflação.
“Isto faz com que o Governo possa cumprir as suas obrigações para desbloquear impasses que possam estar na importação e na entrada deste produto na nossa província, uma vez que inequivocamente paralisam as obras”, explica o economista.
As autoridades governamentais locais reuniram-se recentemente para analisar o problema.
Henrique Bitebe, secretário provincial da Indústria, fez saber que “o problema está relacionado, em parte, à descontinuidade da província com o resto do país”.
“Uma delegação esteve em Ponta Negra para tentar desbloquear as situações burocráticas na perspetiva política e administrativa”, rematou.
Em 2014, o presidente do Conselho de Administração da Cimenfort, Paul Heng, anunciou que será instalada no Pólo Industrial de Fútila, em Cabinda, uma fábrica de cimento com capacidade para produzir 350 toneladas por ano.
DW