Os cidadãos angolanos clamam pela atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR) diante das graves acusações de corrupção que pesam sobre a ex-ministra do Comércio, Rosa Pacavira de Matos, e seu esposo, Abílio Gaspar. Ambos são acusados de ter delapidado o Ministério do Comércio (Minco) durante o mandato de Pacavira, com patrimônio obtido de forma questionável.
Rosa Pacavira, nomeada pelo ex-presidente José Eduardo dos Santos, acumulou em menos de dois anos uma vasta fortuna, incluindo uma casa de luxo próxima ao Comité Provincial do MPLA, propriedades no Paraíso Real, Nova Vida, Royal Park, Camama, e apartamentos na Ilha de Luanda. Além disso, possui quintas em Bom Jesus e no Km 30, carros de luxo, e apartamentos em Lisboa, bem como contas bancárias nas Maurícias, Índia e Istambul.
O casal também é acusado de envolvimento em contratos fraudulentos com o consórcio CLOD, que pagou comissões milionárias para a construção de imóveis de luxo posteriormente apropriados por Pacavira e seus familiares. Através da empresa Concentra, a ex-ministra teria mobilado residências próprias e de parentes com dinheiro público, incluindo fundos do programa Papagro e do projeto Kuia, cujos cartões beneficiavam apenas amigos e familiares.
Além das propriedades acumuladas, o envolvimento de parentes e cúmplices próximos, como Jofre Van-dúnem e Porfírio, também é alvo das denúncias. A ex-ministra teria transformado a casa da sogra no bairro da Coreia em uma loja e erguido um prédio, tudo supostamente custeado com recursos do Minco.
Apesar das denúncias já terem sido encaminhadas à PGR durante o governo de José Eduardo dos Santos, a investigação foi supostamente abafada pelo então procurador João Maria de Sousa, primo de Pacavira, o que levantou suspeitas sobre a proteção política recebida pela ex-ministra.
Os clamores por justiça se intensificaram nos últimos dias, com a população exigindo que a PGR atue rapidamente para evitar que mais um caso de corrupção permaneça impune. A urgência é justificada pelo histórico de processos que acabam engavetados, enquanto suspeitos de corrupção conseguem escapar ilesos.
O caso de Rosa Pacavira é um dos muitos que simbolizam a crise de confiança nas instituições de justiça do país, destacando a necessidade de ações concretas da PGR para restaurar a transparência e responsabilidade no uso de recursos públicos.
Correio da Manhã