Grupo Carrinho exige pagamento da dívida de 700 milhões de dólares ao Governo — FAA enfrenta crise alimentar

O grupo Carrinho exigiu recentemente ao governo angolano o pagamento de uma dívida superior a 700 milhões de dólares norte-americanos, referente ao fornecimento logístico prestado às Forças Armadas Angolanas (FAA)
desde janeiro de 2023, soube o Imparcial Press.

Em correspondência dirigida ao governo, o grupo Carrinho manifestou incapacidade de continuar a fornecer abastecimentos às FAA nas condições actuais, tendo em conta o contexto económico que o país atravessa.

Segundo fontes do Imparcial Press, desde que o Presidente da República, João Lourenço, introduziu o grupo Carrinho no fornecimento logístico das FAA, os preços para a alimentação de cada soldado duplicaram.

Actualmente, a situação logística das FAA é considerada grave. Algumas regiões militares enfrentam uma crise alimentar devido à ruptura quase total de estoques, de acordo com os interlocutores do Imparcial Press.

“Esta é a pior situação enfrentada pelo exército desde a conquista da paz em 2002”, lamentam, defendendo que “é imperativo dignificar os soldados que defendem a pátria e assegurar-lhes condições básicas de subsistência”.

Descontentamento

A situação não é recente. O Imparcial Press sabe que o sector logístico das FAA começou a manifestar descontentamento desde o período em que o grupo Carrinho, através da Gescesta, empresa constituída inicialmente pela Gemcorp e a Tools and Foodservice, geria a Reserva Alimentar Estratégica (REA) de forma irregular.

Nos últimos três meses, várias unidades da Região Militar Sul, por exemplo, têm recebido apenas fuba de milho para a alimentação dos soldados, conforme apurou este jornal digital.

Paradoxalmente, a Base de Abastecimento da Terra Nova, antiga loja dos oficiais, continua a fornecer cabazes trimestrais regulares aos generais no activo e na reforma, contrastando com a situação precária das tropas.

“O descontentamento crescente no seio das tropas, que são a principal força de manutenção de poder, reflecte uma situação insustentável e preocupante que o país atravessa”, rematou outra fonte ao Imparcial Press

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