O general Sequeira João Lourenço, chefe adjunto da casa militar da Presidência da República e irmão do Presidente João Lourenço volta a estar envolvido em polémica, desta vez por causa do seu negócio no sector da aviação na RDC através da sua empresa SLJ associada a algumas figuras do regime político em Kinshasa.
Na origem da polémica está o facto dos aviões usados pela companhia do irmão do PR serem provenientes da Sonangol, levantando dúvidas sobre como adquiriu três aeronaves à Sonangol e como se associou a alguns políticos congoleses.
Segundo dados de uma investigação desenvolvida pelo jornal congolês Actualité.cd, pela Plataforma para a Proteção dos Denunciantes em África (PPLAAF) e pelo jornal português Expresso, a propriedade de sete dos nove aviões registados antes pela SLJ Aeronáutica em Angola foi transferida para a SLJ Aeronáutica Congo.
Alguns desses aviões têm sido usados com frequência por funcionários do governo da RDC desde que o atual primeiro-ministro, Sama Lulonde, chegou ao poder. O actual presidente congolês e candidato a sua reeleição, Félix Tshisekedi, também foi visto a bordo de um avião com um logótipo angolano, SLJ, e as cores da bandeira de Angola em plena campanha eleitoral.
A SLJ Aeronáutica Congo foi criada em fevereiro de 2020 e é, aparentemente, uma subsidiária da SLJ Aeronáutica, uma empresa de aviação fundada em 2010 em Luanda, de acordo com a investigação que diz que Sequeira João Lourenço não é formalmente dono da SLJ Aeronáutica Congo, apesar de ela ser apresentada no Facebook e no seu antigo site oficial como uma sucursal da SLJ Aeronáutica de Angola, onde o general detém (de acordo com um registo obtido em junho de 2023) metade do capital social da empresa, com os outros 50% a estarem nas mãos da esposa e dos seus seis filhos.
O único acionista formal da filial no Congo é um cidadão congolês, Serge Bialufu Mukanya, enquanto outro indivíduo também de apelido Bialufu — Papy Bialufu — aparece no LinkedIn e no Instagram como diretor-geral da SJL ango.
Ainda de acordo a investigação feita às atividades da SJL Aeronáutica em Luanda foram identificados três aviões que passaram do estado angolano para a empresa do general sem serem publicamente conhecidos os contornos dessas transferências de propriedade, incluindo os preços pelos quais foram comprados.
Os três aviões em causa foram operados no passado pela SonAir, a companhia aérea da petrolífera estatal Sonangol.
Trata-se de duas aeronaves de fabrico canadiano, De Havilland Twin Otter, com motores a hélice e 20 lugares para passageiros, com as matrículas D2-FVO, D2-EVC; bem com um Fokker F27-500F de matrícula D2-ESN, usado para transportes de carga.
PARCERIAS COM POLÍTICOS
A SLJ Aeronáutica associou-se com duas empresas politicamente bem relacionadas:
A Colibri Air: propriedade do ministro de Estado do Ordenamento do Território da RDC, Guy Loando com a sua mulher Déborah e os seus três filhos. Foi fundada em junho de 2021, dois meses depois de Guy Loando ter sido nomeado ministro.
A General Investment Services (GIS): esta empresa unipessoal criada em 2009 é gerida pelo marido de Carole Agito, uma senadora congolesa eleita em 2019 pela província de Bas-Uélé.
O general não respondeu a um pedido de esclarecimento enviado pelo Expresso através do gabinete do presidente, onde trabalha atualmente, assim como nenhum dos seus parceiros de negócio se mostraram disponíveis para responder às perguntas.
Confidence News