Bilionária angolana luta contra a tentativa de congelamento de 736 milhões de dólares em ativos e acusa Angola de “opressão”. Em batalha judicial com a Unitel, nega corrupção e alega vingança política.
A bilionária angolana Isabel dos Santos está a lutar contra um pedido para congelar até 580 milhões de libras (736 milhões de dólares) dos seus activos, dizendo ao Tribunal Superior de Londres, na quarta-feira, que está a ser vítima de uma “campanha de opressão” por parte de Angola.
Dos Santos – a primeira mulher bilionária de África, cujo pai José Eduardo dos Santos governou Angola durante 38 anos, até 2017 – é alvo de acusações de corrupção em Angola há vários anos.
Ela nega as acusações e diz que é alvo de uma de uma vingança política de longa data, que já viu os seus activos congelados ou apreendidos em Angola e Portugal.
Em uma entrevista exclusiva à DW África, em novembro de 2022, Isabel dos Santos acusou o partido no poder em Angola e lançou graves acusações contra João Lourenço, afirmando que “o Presidente tem uma agenda de perseguição política”.
Unitel e as acusações
A operadora de telecomunicações angolana Unitel está a processar dos Santos por causa de empréstimos feitos à empresa holandesa Unitel International Holdings (UIH) em 2012 e 2013, quando dos Santos era diretor da Unitel, para financiar a aquisição pela UIH de ações em empresas de telecomunicações.
Os empréstimos não foram reembolsados e cerca de 300 milhões de libras estão pendentes, de acordo com a Unitel, que conseguiu que dos Santos fosse adicionado ao processo em maio.
Dos Santos diz que a Unitel é responsável pela incapacidade da UIH de pagar os empréstimos, devido ao seu alegado papel na apreensão ilegal dos activos da UIH por parte de Angola.
A Unitel nega qualquer envolvimento na apreensão de ativos e diz que dos Santos está a tentar transformar o caso em “mais uma batalha numa guerra de relações públicas contra o sucessor do seu pai”, João Lourenço.
“Cleptocracia (e) corrupção”
O seu advogado Paul Sinclair disse ao Tribunal Superior na quarta-feira (29.11) que a acumulação da riqueza de dos Santos era “um conto clássico de cleptocracia (e) corrupção”.
A Unitel está a pedir uma ordem de congelamento mundial para impedir que dos Santos coloque os seus bens fora do alcance da empresa.
Mas dos Santos está a opor-se ao pedido da Unitel, que o seu advogado Richard Hill afirmou em tribunal ser parte de uma “campanha politicamente motivada pelo Estado angolano”.
Hill afirmou ainda que a ordem de congelamento angolana foi obtida com “provas forjadas, que incluíam uma cópia falsa do seu passaporte com a assinatura de Bruce Lee”.
A audiência do pedido da Unitel deverá terminar na quinta-feira (30.11), esperando-se uma decisão numa data posterior.
DW