Após uma grave crise cambial em junho, com a desvalorização de 60% do kwanza, Angola está agora em um período de relativa estabilidade cambial, com a taxa de câmbio em torno de 825 kwanzas por dólar nos últimos três meses. No entanto, esta calma aparente no mercado esconde uma crise econômica mais profunda ligada à dependência extrema do petróleo pelo país.
A abrupta queda na produção de petróleo em março, bem como as flutuações nos preços do petróleo, contribuíram para a crise cambial, mas isso faz parte de um problema estrutural mais amplo em Angola. O país experimentou um período de prosperidade, com um aumento significativo nas reservas de petróleo, mas desde então tem enfrentado uma crise com a queda acentuada da produção e reservas provadas de petróleo. Em 2020, a produção diária de petróleo atingiu cerca de 1,2 milhões de barris por dia, uma queda significativa em relação ao auge da produção.
Um dos principais desafios que Angola enfrenta é a capacidade de atrair investimentos estrangeiros para impulsionar a produção de petróleo. Regulamentações que exigem a participação da empresa estatal Sonangol e tributação mais alta para empresas estrangeiras dificultam a atração de investidores estrangeiros. Isso é agravado pela concorrência regional de outros países africanos que buscam desenvolver suas próprias indústrias de petróleo e gás.
Além disso, o papel da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e a necessidade de maior transparência no setor são destacados como áreas que precisam ser reformadas para atrair investimentos. Além disso, a governança corporativa da Sonangol está em questão devido à falta de transparência e ao uso da empresa para objetivos não relacionados à produção de petróleo, acumulando dívidas significativas. A solução proposta inclui a reavaliação do quadro regulatório para promover o investimento estrangeiro e fortalecer a governança corporativa da Sonangol.
Angola precisa superar esses desafios para reverter a queda na produção de petróleo e diversificar sua economia em preparação para a transição energética global. O governo deve ir além da meta de manter a produção de petróleo acima de 1 milhão de barris por dia e buscar soluções para restaurar os níveis de produção de petróleo e atrair investimentos para o setor.