A moeda nacional Kwanza desvalorizou-se, na tarde desta segunda-feira, 26, para mais de 800,694 kwanzas por dólar e 872,557 por euro pela primeira vez, no dia em que a Bloomberg colocou a moeda nacional no segundo lugar do ranking das piores moedas a nível mundial em relação ao dólar norte-americano.
De acordo com a agência norte-americana de informação financeira, o kwanza está a perder pelo sétimo dia consecutivo, tendo chegado hoje a valer 804,37 kwanzas por cada dólar, ficando apenas atrás da libra sudanesa no referido ranking das moedas mundiais.
O kwanza já caiu 37% desde 11 de Maio, no seguimento da decisão do executivo de acabar com os subsídios estatais aos combustíveis, mormente a gasolina, o que motivou uma forte contestação social e o consequente aumento dos preços dos produtos da cesta básica.
Aquando da tomada de posse do novo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), o Presidente João Lourenço defendeu que o banco central deve implementar medidas para fortalecer o kwanza, além de ajudar a economia a diversificar-se e controlar a inflação.
Segundo a agência de notação financeira Fitch Ratings, que antevê que o Tesouro continue sem intervir nos mercados, Angola não vendeu dólares à banca comercial em Abril e Maio.
“O Tesouro nacional reduziu a venda de moeda externa, porque cobrou menos impostos e receitas dos direitos petrolíferos”, comentou o investigador António Estote, da Universidade Lusíada de Angola, à Bloomberg.
A inflação em Angola aumentou para 10,62% em Maio, pondo fim a 15 meses de declínio, depois de o governo ter cortado os subsídios aos combustíveis.
O novo governador do Banco Nacional de Angola, Manuel Tiago Dias, já reviu a previsão de inflação para este ano em alta, antecipando agora um aumento dos preços entre 9 e 11% no final de 2023.
Na última sexta-feira, 23, a agência de notação financeira Fith Ratings desceu a perspetiva de evolução da economia angolana de Positiva para Estável, mantendo o rating em B-.
“A revisão do outlook de Angola de Positiva para Estável reflecte as previsões de menor crescimento económico, maior inflação e um aumento no rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB), em resultado da forte depreciação do kwanza”, lê-se na nota que explica também a decisão de manter o rating em B-.
A Fitch Ratings reduziu a previsão de crescimento para 1,5% do PIB este ano, 2% no próximo ano, face aos 3,1% registados em 2022, estimando também que a inflação suba de 14,7%, no final deste ano, para 17,1%, em 2024.
Até agora previa-se, para o próximo ano, que os preços crescessem apenas um dígito.
Na nota da Fitch Ratings, os analistas estimam ainda que o kwanza, que perdeu 30% do valor face ao dólar no primeiro semestre deste ano, chegue ao final do ano a valer 760 kwanzas por dólar, face aos 504 kwanzas por dólar no final de 2022.
No entanto, “uma depreciação maior é possível se a oferta interna continuar limitada”, escreveram os analistas da referida agência.
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